29 de abr. de 2009

Thomas Daley, atleta, medalhista olímpico e vítima de bullying

Inveja, falta de limites, intolerância. Seja qual for a razão, o que está acontecendo com o jovem inglês Thomas Daley, 14 anos, pequeno prodígio do esporte, destaque nos saltos ornamentais, é um exemplo de como o bullying não poupa ninguém, nem mesmo (ou quem sabe, muito menos) ídolos, xodós ou gente que desponta na vida por meio de muita dedicação.

Atleta olímpico e talento incomum, Daley é vítima pública de uma perseguição cruel protagonizada por “adorrecentes” ingleses, que veem na chacota e na humilhação uma forma de exercício de poder. A gozação virou ameaça. Até promessa de quebrar as pernas do jovem foi feita.

Pressionado, o garoto pediu aos pais para abandonar a escola. Deve ir para os Estados Unidos, onde dará continuidade aos treinos e à carreira. Deveria ser o contrário, né? Os amigos apoiando seus feitos, valorizando o fato de tê-lo como colega de classe, enfim, interagindo de forma positiva e solidária.

Mas a cultura da violência e da individualidade tem prevalecido, muitas vezes, sobre a política da boa vizinhança, do aconchego, do respeito, da gentileza. Um verdadeiro campo minado para gente de bem, e terreno fértil para agressores de toda a sorte. E pensar que Thomas é só uma criança.

Não existe nada mais cruel e desumano do que o bullying, crianças e jovens são cruéis sem prever suas conseqüências. Por isso é importante identificar e punir os agressores, e tentar acabar com essa cultura do medo a qual estamos expostos. Aqui há uma reportagem da Revista Época que pode ajudar bastante,

In Infinitum

Robson Freire

Alvo de brincadeiras, prodígio dos saltos deixa a escola

Portal Terra

INGLATERRA - Depois de participar da prova de saltos ornamentais dos Jogos Olímpicos de Pequim com apenas 14 anos, o britânico Tom Daley enfrentou problemas na escola. E as brincadeiras de seus colegas culminaram com a saída temporária do Eggbuckland Community College.

http://news.xinhuanet.com/english/2008-08/23/xin_192080523160701500871.jpg

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Daley contou que a violência física e psicológica na escola (que em inglês ganha a denominação de bullying) sempre existiu, mas aumentou depois da Olimpíada, quando ele se tornou famoso.

- Isso acontece há bastante tempo, mas atingiu o máximo depois da Olimpíada e continua até hoje. Eles vem me importunando a anos, me chamando de 'menino mergulhador', mas agora eles passam mais tempo jogando coisas em mim. Pensei que ia diminuir, mas isso não aconteceu -disse.

O pai de Tom, Rob Daley, cogita a possibilidade de transferir o filho definitivamente de colégio.

- O bullying é severo. Ele foi jogado no chão quando andava no campo da escola e na classe eles jogam lápis e canetas nele. Alguns deles já tentaram até quebrar a sua perna. Essa foi a gota d'água. Chegou a um ponto limite - completou.

09:10 - 24/04/2009

Fonte: http://jbonline.terra.com.br/pextra/2009/04/24/e240422970.asp

28 de abr. de 2009

Alunos que não entendem o enunciado

24 de outubro de 2006, 16:46

Grande parte dos alunos entre 17 e 21 anos tem dificuldade na interpretação de textos. Como o futuro profissional de tecnologia poderá desempenhar tarefas e trabalhar em equipe?

http://www.dificuldadedeaprendizagem.com/images/dificuldade-de-aprendizagem.jpg

Por Sthefan Berwanger


Todo ano é a mesma coisa: grande parte dos alunos matriculados em cursos superiores de tecnologia ou no bacharelado apresenta problemas na interpretação de textos.

A situação é terrível e desanimadora: em um simples texto de três linhas não se consegue identificar o que é dado e o que está sendo pedido.

Logo que comecei a lecionar não acreditava no que estava acontecendo. Afinal, a palavra estava lá escrita, clara e imutável, e as orações continham todos os elementos essenciais na ordem correta: sujeitos, verbos e predicados.

Em princípio pensei em duas hipóteses: ou era implicância dos alunos com a minha pessoa, ou os textos apresentados eram herméticos demais, sobretudo para turmas de primeiro ano.

O universo de alunos a que me refiro é composto em grande parte por jovens recém saídos do ensino médio, com idade entre 17 e 21 anos, e por uma parcela um pouco menor que tem entre 22 e 29 anos. Não é raro turmas com alunos já na faixa dos 30 ou 40 anos — e neste pequeno grupo o desempenho interpretativo é um pouco melhor, mas ainda assim segue abaixo do esperado.

Tem que entender o texto

O estudante que obtém diploma em um curso superior de tecnologia precisa, entre outras habilidades e competências, saber criar soluções adequadas aos inúmeros problemas inerentes à sua atividade profissional.

Para que esse processo ocorra satisfatoriamente, ele precisa primeiro entender o problema que quase sempre vem documentado na forma escrita. Precisa extrair as informações de que necessita e refletir sobre os caminhos que o levarão à solução.

A ditadura

Como docente, nunca havia questionado a origem desta dificuldade, até o dia em que li a entrevista do psicólogo Carlos Perktold (1) que trata justamente da dificuldade da geração pós 1964 em entender o que lê. Segundo o artigo, este fenômeno não ocorre exclusivamente na população com baixa escolaridade, não é catalogável como doença e nem é uma característica de pessoas com déficit intelectual; é sim um fenômeno intelectual de toda uma geração.

O argumento principal dado na entrevista é que após o golpe militar de 1964 houve uma castração cultural e política da geração nascida após esse período, capaz de causar um desestímulo ao hábito da leitura e por conseqüência prejudicar a capacidade crítica.

Disciplinas como Filosofia e Sociologia foram retiradas do currículo do antigo ensino clássico, atual ensino médio, porque o regime não estaria interessado na formação de pessoas capazes de analisar idéias, refletir sobre os conceitos sociais e atuar politicamente.

A televisão

Foi também a partir desse período, com o barateamento dos aparelhos, que a televisão ampliou sua participação dentro da população brasileira. O processo de expansão, que resultou na televisão como meio de comunicação de massa, se estendeu pelas décadas seguintes, com as transmissões via satélite, a melhoria da qualidade técnica e de conteúdo e a maior variedade de programas.

Desta forma, os recursos audiovisuais tomaram o lugar do texto escrito e surge então uma geração que entende o que ouve, mas não o que lê. Pode-se argumentar que o rádio também poderia ter o mesmo efeito que a televisão, mas segundo Perktold, o rádio pelo fato de não carregar a imagem, estimula o ouvinte a imaginar, fantasiar e pensar.

O que o docente pode fazer?

Então como contornar o problema? Infelizmente não é possível reverter o cenário em apenas um semestre, sobretudo pelo esforço de apenas um professor. É preciso lembrar que os educandos se submeteram, ano após ano, à mesma rotina de exposição exagerada à televisão e ausência de (boa) leitura e cultura em geral. Tentar obrigá-los a engolir textos e mais textos e a formar uma opinião crítica pode ser uma violência, com todas as suas consequências.

O que costumo fazer é explicar o mesmo exercício várias vezes, sob vários ângulos, fazer comparações e criar metáforas e analogias que tenham a ver com o universo concreto deles.

Muitas vezes dou sugestões de leitura online e off-line, indico bibliotecas públicas e também estimulo visitas a eventos culturais gratuitos, pois uma grande parte dos alunos é financeiramente carente e depende de bolsa de estudos.

Outra solução adotada é criar pequenos enunciados matemáticos com o objetivo específico de treiná-los na identificação do que é dado, e do que é pedido.

Algo bem simples, como por exemplo:

“Dada a equação z = x + y. Sabendo que x vale 4 e y vale 7, quanto vale z?”.
A internet

Falando um pouco do presente, com vistas ao futuro, está em curso uma mudança importante: o surgimento da mídia digital que gradativamente vem tomando o espaço da televisão.

A sua principal característica é a descentralização da audiência e a produção de mídia para públicos específicos. Com essa mudança de modelo em curso, seria interessante observar como a geração nascida durante a revolução tecnológica irá aprender e se comportar criticamente nesse meio, que oferece um número gigantesco de opções a respeito do que se quer ver, ler ou ouvir. [Webinsider]

Referência bibliográfica

(1) PERKTOLD, C. Assisto, logo existo. Revista Carta Capital, 7jul. 2004, n. 298, p.28-29.

Sobre o autor

Sthefan Berwanger (sthefan.berwanger@xporcento.com.br) é responsável pela área de BI da X Porcento e é professor do programa de pós-graduação pela Faculdade Impacta Tecnologia.

Fonte: http://webinsider.uol.com.br/index.php/2006/10/24/alunos-que-nao-entendem-o-enunciado/

27 de abr. de 2009

WebGincanas: Liberdade e Estrutura

Abril 24, 2009 by jarbas

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Retomo aqui assunto que já abordei outras vezes neste Boteco. Uso de novos meios de comunicação e idéias mal assimiladas de construtivismo podem levar a um laissez faire pedagógico cujo exemplo mais frequente é o pedido docente “procurem na Internet“. Por isso é comum a gente ver muitos estudantes completamente perdidos no imenso mar de informações do ciberespaço. Vez ou outra, algum desses náufragos de Internet joga uma garrafa ao mar, esperando ser resgatado por alguém de boa vontade. Durante alguns anos fiquei à disposição de educadores para responder questões sobre WebQuests no site da Escola do Futuro da USP. De vez em quando, os correspondentes não eram professores, nem o assunto era WebQuest. Quase toda semana eu recebia algum pedido desesperado de estudantes cujos professores haviam dito a fala mágica “pesquisem na Internet”.

Lembro-me de que certa vez um estudante de ensino médio me escreveu pedindo uma informação bem organizada, escrita numas duas páginas, sobre Revolução Industrial, relacionando tal evento histórico com a dinâmica da economia atual. Na prática, ele me pedia para elaborar um trabalho escolar solicitado pelo docente. Ele deve ter buscado na Internet. Há muita coisa sobre o assunto na rede mundial de computadores. Mas marinheiros de primeira viagem têm muita dificuldade para encontrar o “tesouro”. Eles têm dificuldade para selecionar informações de qualidade. Têm dificuldade para transformar as informações encontradas num novo produto. Alguns descobrem sites onde há educadores de plantão para fornecer respostas sobre um assunto. E mesmo que o tema estudado nada tenha a ver com a pauta de tais educadores, usam o serviço de apoio para pedir socorro. O caso mais famoso que conheço é o de um aluno que entrou num site de bioética para doutorandos em filosofia, pedindo ao responsável, o filósofo Aquiles von Zuben, que lhe mandasse rapidamente um texto curto sobre o sentido da vida, tema que seu professor havia pedido para pesquisar na Internet.

Os dois casos aqui relatados mostram situações nas quais os alunos vão para a Internet sem ajuda de qualquer estrutura capaz de apoiá-los na busca. É quase certo que os professores desses alunos acham que não podem fornecer dicas ou modos de organizar a busca porque acreditam que os estudantes devem “construir o próprio conhecimento”. E isso não é um equívoco apenas de professores do chão-de-escola. Há acadêmicos influentes que pensam da mesma forma. Numa mesa redonda num programa de TV introduzi a idéia de estrutura dizendo que os professores devem ser como cartógrafos, elaborando mapas que ajudem seus alunos a navegar pelos mares da Internet. Um figurão da academia ficou impaciente. Pediu a palavra. Me disse que eu parecia ignorar que os alunos devem construir o conhecimento e pontificou que os estudantes devem ser tudo na navegação: cartógrafos, pilotos, navegadores, descobridores. Só não medisse como marinheiros de primeira viagem podem construir mapas de certas áreas de conhecimento sem nada saber sobre elas. Por isso continuei a pensar que mapas de navegação precisam ser feitos por conhecedores do assunto, os professores.

Enfrentamos aqui uma situação delicada. Educação é uma atividade cujo sucesso é medido pela autonomia intelectual de quem estudou uma matéria ou assunto. Ou seja, sabemos que houve boa educação quando os formandos são capazes de elaborar saberes sobre o assunto estudado sem tutela de professores ou de qualquer outros agentes culturais. A palavra para isso é autonomia. Por isso a orientação do ensino numa perspectiva construtivista é tão importante. Por outro lado qualquer processo construtivo progride mais quando os construtores podem contar com andaimes e ferramentas já prontas. É assim que entendo o papel de WebGincanas. Vejo-as como mapas que podem facilitar navegações pela Internet. Se você prefere a metáfora da construção, vejo WebGincanas como andaimes e ferramentas que facilitam construção de saber inicial sobre um assunto, com uso de informações existentes na Internet.

Não falei explicitamente de liberdade. Alguns a entendem como situação na qual os alunos tomam todas as decisões sobre o processo de aprendizagem. Não vejo a coisa desta maneira. Penso que os professores podem fazer propostas. Podem inclusive organizar estruturas. Não acho que com isso os alunos não terão liberdade. Boa aprendizagem é resultado de negocição de significados. Algumas vezes parece que o professor deve ter a primeira palavra para que a negociação comece.

Já abordei a questão de liberdade e estrutura numa coleção de eslaides publicada no meu espaço do Slideshare. Ao ver tal matéria, repare que o modelo WebGincana estava num estágio de desenvolvimento que não incluía algumas das características atuais. Tirante este detalhe, acho que o material ainda é uma boa referência para conversas sobre fundamentos do modelo de estrutura ao qual dei o nome de WebGincana. Para ver a coleção de eslaides, clique no destaque que segue.

Fonte: http://jarbas.wordpress.com/2009/04/24/webgincanas-liberdade-e-estrutura/

26 de abr. de 2009

Como inserir vídeos do YouTube no PowerPoint

Olá Amigos

Hoje postando a minha contribuição ao Movimento Blogs Voluntário. Criar apresentações apenas com imagens estáticas pode deixar qualquer platéia entediada. Um dos melhores recursos para incrementar as nossas apresentações é usar vídeos, intercalados com os slides e com o texto, podem inclusive funcionar como uma pausa para o seu discurso. Dando tempo para a platéia ou seus alunos refletirem sobre o que você falou, assim como ilustrar melhor uma idéia. O problema dos vídeos é que não é tão fácil assim, encontrar bons vídeos para ilustrar apresentações.

Qual a melhor fonte de vídeos da Web? Sem sombra de dúvida é o YouTube. Esse artigo mostra como fazer o download desses vídeos, para que você possa inserir os mesmos, em apresentações do PowerPoint. O objetivo aqui não é infringir os direitos dos autores dos vídeos, se você for usar esse material para palestras profissionais, entre em contato com os autores, para solicitar a devida autorização.

A técnica mais comum para inserir o vídeo, copiado do YouTube é fazer o download do vídeo. Depois usar alguma ferramenta para converter o vídeo, para um formato que o PowerPoint aceite. Como isso acaba envolvendo o uso de várias ferramentas, download e configurações de conversão. A maioria das pessoas acaba não usando.

Existe um conversor de vídeos online, chamado de Zamzar, totalmente gratuito, que consegue converter os vídeos do YouTube para o formato AVI ou MPG, para que o PowerPoit possa exibir na apresentação. Agora a melhor parte do Zamzar é que não precisamos fazer o download do vídeo, para fazer a conversão. Podemos simplesmente indicar o endereço do vídeo e o sistema faz o download para a conversão.

Como funciona? Primeiro visitamos o Zamzar e acionamos a opção de conversão. Escolha a opção URL.

Zamzar - Youtube URL

Escolha a URL do YouTube.

YouTube URL

Determine qual o endereço do vídeo, que deve ser convertido. Depois escolha o formato de saída.

Zamzar - Menu

Clique no botão convert e o vídeo será convertido. Um link para download pode ser enviado para o seu e-mail ou então você pode fazer o download diretamente da página de resultado.

Com o arquivo convertido, agora será necessário adicionar o vídeo no PowerPoint. Para isso, acione a aba inserir ou o menu, dependendo da versão do PowerPoint que você utiliza.

Inserir PowerPoint

Lembre que é preciso cautela com o uso indiscriminado desse material. Principalmente se você for ganhar dinheiro com ele. Qualquer dúvida contate o autor do vídeo para pedir permissão de uso.

Fonte: Online-Tech-Tips e Colaborativo.org

25 de abr. de 2009

Projeto Cinema no Caldeirão - 25/04

Olá Amigos

O filme escolhido hoje para o Projeto Cinema no Caldeirão é "O Nome da Rosa" do instigante diretor Jean-Jacques Annaud, de filmes fantásticos como o A Guerra do Fogo, O Urso, O Amante, Sete Anos no Tibete, Círculo de Fogo entre outros, baseado num livro de Umberto Eco.

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A escolha do filme partiu do meu amigo Sergio Lima editor do blog Blog e Física entre outros, que havia indicado um texto intitulado Ainda precisamos do velho modelo de educação? que levou a uma série de reflexões no nosso grupo. Ele trata do fato que moderar, censurar e proibir comentários, uso de laboratorio e bloqueio de blogs e sites alem de proibir o uso da internet.

Ele cita: "Qualquer um que viva o dia-dia da Escola sabe que esta é a visão predominante na mesma (e nos seus profissionais!) a Internet é um mundo de maldade, perversidade, bobagens que nós, os educadores iluminados, temos que filtrar/mediar para os nossos alunos! Atire o primeiro mouse quem não teve um endereço bloqueado na escola por conta desta visão medieval..."

Ai ele lembra da cena em que os monges escondiam um livro com uma verdade libertadora. O filme “O nome da Rosa” trata da história ocorrida no ano de 1327 – Século XIV - num Mosteiro Beneditino Italiano que continha, na época, o maior acervo Cristão do mundo. Poucos monges tinham o acesso autorizado, devido às relíquias arquivadas naquela Biblioteca.

No Filme, um monge Franciscano e Renascentista, interpretado pelo ator Sean Conery, foi designado para investigar vários crimes que estavam ocorrendo no mosteiro. Os mortos eram encontrados com a língua e os dedos roxos e, no decorrer da história, verificamos que eles manuseavam (desfolhavam) os livros, cujas páginas estavam envenenadas. Então, quem profanasse a determinação de “não ler o livro”, morreria antes que informasse o conteúdo da leitura.

O Livro havia sido escrito pelo Filósofo Aristóteles e falava sobre o riso: “Talvez a tarefa de quem ama os homens seja fazer rir da verdade, porque a única verdade é aprendermos a nos libertar da paixão insana pela verdade”.

http://jovensdapib.files.wordpress.com/2008/09/nome-da-rosa.jpg

Isso tudo sugeria, além de outras coisas, principalmente pela razão, que Jesus sorriu, pois Ele (Jesus), além de amar todos os homens, desejava que todos encontrassem a verdade e, através dela (da verdade), fossem libertos.

Acho que esta frase está ligada à máxima “Conhecereis a verdade e ela vos libertará”.

E na história, por trás de “quem matou e quem morreu” aparecem nítidas disputas entre o misticismo, o racionalismo, problemas econômicos, políticos e, principalmente, o desejo da Igreja em manter o poder absoluto cerceando o direito à liberdade de todos.

A Igreja não aceitava que pessoas comuns tivessem acesso ao significado de seus dogmas (fundamentos da religião) nem questionassem e fossem contra os mesmos e, por esse motivo, para definir o poder sobre o povo, houve a instauração da Inquisição que foi criada para punir os crimes praticados contra a Igreja Católica que se unia ao poder monárquico.

O período Renascentista que se desenvolveu na Europa entre 1300 e 1650, época em que se desenrola o filme (1327), vinha de encontro a Igreja, exatamente porque o Renascimento pregava a valorização do homem e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural.

Dessa forma, o Monge Francisco e Renascentista, William de Baskerville, utilizava-se da Ciência e conseqüentemente da razão para dar solução aos crimes do mosteiro e desagradava, em muito, a Santa Inquisição, na figura do Inquisidor Bernardo Gui que realmente existiu e foi considerado um dos mais severos inquisidores.

Entendi que na Biblioteca do Monastério haviam pergaminhos que falavam sobre a infalibilidade de Deus e que não era preciso se ter uma fé cega em detrimento à figura do homem.

Para não se ter uma fé cega é preciso utilizar-se da Ciência como instrumento principal para se desvendar os mistérios impostos pela religião.

Por esse motivo, creio eu, que a Ciência teve ascendência sobre a religião, pois através da razão vários mistérios eram descortinados, inclusive o poder desenfreado da Igreja que, na verdade, só contribuiu para o misticismo e o entrave do desenvolvimento intelectual de todo um período histórico, principalmente o da Idade Média, cercado pela Inquisição e seu poderio absurdo e desmedido.

Recomendo com louvor

Abraços

Equipe NTE Itaperuna

Abraços

Fonte: http://recantodasle tras.uol. com.br/resenhasd efilmes/249488 (publicado em 26/09/06).

O Nome da Rosa

Sherlock Holmes Medieval

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William de Baskerville (Sean Connery em mais uma de suas marcantes interpretações, totalmente caracterizado como um monge franciscano) e Adso (vivido pelo então desconhecido Christian Slater, numa memorável presença como um noviço a acompanhar seu mestre, prática das mais comuns naqueles tempos) se esforçam para solucionar uma série de assassinatos que estão a ocorrer num mosteiro medieval localizado na Itália.

Dispondo de recursos "sofisticados" (a sequência em que William cobre seus instrumentos é extremamente significativa pois peças como o astrolábio e o quadrante que eram utilizadas pelos mouros e desconhecidas da maioria dos cristãos tem "participações especiais" e representam indicativos dos caminhos modernos adotados pelo personagem de Sean Connery) para os padrões da época, utilizando-se de uma lógica aparentada a de Sherlock Holmes muito tempo antes do nascimento do criador do imortal detetive, sir Conan Doyle e baseando suas ponderações nos princípios aristotélicos num momento em que os artífices da filosofia grega eram pouco ou totalmente desconsiderados, William de Baskerville constitui um dos grandes personagens da literatura (o filme baseou-se no romance homônimo do escritor, professor e intelectual italiano Umberto Eco) e do cinema. Constitui-se igualmente numa grande aula de história e de filosofia.

As perspectivas se abrem desde o princípio da trama pois estamos respirando os ares de um mosteiro encravado numa montanha, controlado pelos Beneditinos e que recebe a ilustre visita de visitantes franciscanos. A atmosfera sombria da localidade, o aspecto doentio de muitos dos frades que aparecem no transcorrer da história, o tom escuro de muitas das sequências (efeito propositalmente trabalhado por conta do competente diretor francês Jean-Jacques Annaud, do já comentado "Círculo de Fogo"), a rejeição a conceitos considerados avançados por parte da grande maioria dos monges que circulam no mosteiro e a presença destacada da Inquisição a partir da metade do filme nos permitem compreender um pouco do que foi a Idade Média.

Uma das maiores qualidades do filme está na reprodução de época, com a equipe de Annaud sendo assessorada pelo eminente historiador francês Jacques Le Goff, o que confere ao filme maior credibilidade no que se refere a utilização do mesmo como recurso didático. O figurino, as locações (o filme foi feito num autêntico mosteiro medieval), a ambientação, as músicas, os objetos disponibilizados e mesmo a fotografia em tons lúgubres (escuros, dando-nos uma impressão de umidade nos locais de filmagem) se tornam referências para que possamos apresentar o domínio cristão no medievo.

Homem-adulto-e-jovem

A trama central gira em torno dos referidos assassinatos descritos no início desse artigo, atribuídos pelos beneditinos a forças ocultas, a ação demoníaca que teriam dominado alguns dos jovens monges daquela casa de Deus. É interessante ressaltar que conceitos como Deus e as forças do bem confrontando-se com o diabo e o mal eram dominantes nesse período devido ao enorme poder da Igreja Católica (a grande força remanescente desde a época em que os romanos e seu grande império ruíram, ainda no longínquo século V); um dos maiores veículos de propagação dessa crença foram os trabalhos do filósofo cristão Santo Agostinho, em especial sua obra sobre a Cidade de Deus e a Cidade dos Homens.

No período em que se passa a ação, a igreja já passava por algumas dificuldades devido ao ressurgimento de cidades e de rotas de comércio, além da concessão aos leigos para frequentar as nascentes universidades (é dessa época um dos trabalhos que precedem o Renascimento Cultural e que são considerados como basilares para as transformações que se operam na transição do mundo medieval para o moderno, ou seja, a obra clássica do italiano Dante Alighieri, "A Divina Comédia"). O surgimento da Inquisição e a forma como essa instituição da igreja foi se tornando cada vez mais dura na sua perseguição aos hereges comprovam os receiospor parte da cúpula do mundo cristão.

A diferença de atitude do recém-chegado William contrasta com a atribuição a forças do além dos beneditinos e nos lança numa investigação em busca de provas, de evidências dos crimes (o que pode ser considerado como uma antecipação de posturas investigativas que passaram a ser adotadas no mundo da modernidade, quando do surgimento de correntes filosóficas e científicas apoiadas no empirismo e no racionalismo).

O confronto entre os franciscanos e os representantes da Inquisição (com destaque para o personagem Bernardo Gui, interpretado pelo premiado ator F. Murray Abraham, vencedor do Oscar de melhor ator pela sua personificação de Salieri, em "Amadeus") nos coloca novamente frente a frente com a questão do Bem e do Mal, apenas que interiorizados na instituição que se considera, por excelência, a representação terrena dos dotes celestiais e de sua mensagem de bondade. Quem triunfará?

Homem-adulto-conversando-com-jovem

"O Nome da Rosa" nos permite transitar por diversos temas e fases da história, nos remete inclusive aos fatores que levaram ao surgimento da Reforma do século XVI, além das já mencionadas outras possibilidades de estudo. Leva-nos a transitar pela filosofia antiga, medieval e antever a moderna. Abre perspectivas para buscar na literatura do período as fontes de compreensão dessa fase tão rica que é o período medieval. Além do que, a trama policialesca criada por Umberto Eco dá sustentação para um grande filme de suspense. Aproveitem!

Ficha Técnica

O Nome da Rosa
(The Name of the Rose)

País/Ano de produção: Fra/Ita/Ale, 1986
Duração/Gênero: 130 min., policial/suspense
Distribuição: Globo Vídeo ou Flashstar Vídeo
Direção de Jean-Jacques Annaud
Elenco: Sean Connery, F. Murray Abraham, Christian Slater.

Links
- http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=1153
- http://www.adorocinema.com/filmes/nome-da-rosa/nome-da-rosa.htm

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João Luís de Almeida Machado Editor do Portal Planeta Educação; Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).

Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=74

24 de abr. de 2009

Junte-se a esta "Gang" (Excelente!!!!)

Postado por Hélio Teixeira em Friday, 24 April 2009

junte-se-a-esta-gang

Quando o assunto é Educação Pública, todos são unânimes (ao menos no discurso) em afirmar: “os investimentos em Educação deve ser uma prioridade de Estado”. Este aliás, parece ser o “mandamento” número UM da cartilha do bom gestor público. Apesar dos discursos politicamente corretos dos nossos gestores, há que se admitir que ainda estamos longe da situação ideal. Como bem disse o gênio Cazuza, ”a tua piscina tá cheia de ratos. Tuas idéias não correspondem aos fatos…”, ou seja, o discurso da imensa maioria desse pessoal, é pura demagogia!!!!

É preciso entender que idéias, por melhores que elas sejam, só transformam uma realidade se forem sustentadas por ações práticas e efetivas. Só o blá, blá, blá… não resolve nada!!!

O fato mais revoltante desta história trágica, é que existe uma infinidade de ótimas experiências espalhadas pelo mundo (Finlândia, Tigres Asiáticos, Suécia, Dinamarca…), que poderiam muito bem (se houvesse de fato vontade de fazê-lo!!!!) servir como inspiração para tirarmos a Educação Pública brasileira do abismo onde ela se encontra.

Semana passada, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) publicou uma pesquisa que desfaz (ao menos em parte) um dos maiores mitos em torno de um problema importantíssimo para a educação brasileira, a evasão escolar entre jovens e adolescentes. Segundo os pesquisadores da FVG, ao contrário do que se imaginava, a principal causa do abandono escolar entre os jovens não é a necessidade de trabalhar (para ajudar no sustento da família) e sim a falta de interesse na escola. Ainda segundo a pesquisa, uma parte considerável dos jovens que abandonam as salas de aula, não consegue perceber como os seus estudos podem melhorar as suas condições de vida e das suas famílias. Para eles estudar, além de trabalhoso e chato, não leva a lugar nenhum, é uma completa perda de tempo.

Ao que parece, este quadro preocupante não é um problema exclusivo do Brasil. Esta semana me deparei com uma campanha muito interessante feita pela Universidade de Johannesburg, na África do Sul, que visa combater justamente esse problema. A universidade sul-africana realizou uma pesquisa entre jovens e adolescentes em idade escolar e, para surpresa geral, chegou às mesmas conclusões do estudo feito pela FGV. Os jovens simplesmente não vêem os estudos como algo importante em suas vidas.

Para tentar fazer “a ficha cair” na cabeça dos jovens daquele país, a Universidade de Johannesburg contratou a Agência HKLM Connect que criou a campanha intitulada “Rethink education. Reinvent yourself” (Repense a educação. Reinvente-se). Além de uma excelente direção de arte, a campanha tem um conceito maravilhoso!!!!

Confiram:

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FICHA TÉCNICA

Agência: HKLM Connect, Johannesburg, South Africa

Diretor de Criação / Diretor de Arte: Ross Ventress

Redator: Rudolph Van Rensburg

Ilustrador / Fotógrafo: Am I Collective

Data da publicação: Dezembro de 2008

Hélio Teixeira, é publicitário e editor do Blog Chapa Branca. Apaixonado pelo universo da Comunicação Digital e suas ciências. Nas horas vagas, se diverte “trabalhando” como consultor de comunicação e marketing digital. Acredita no poder transformador e mobilizador da boa Comunicação. Um idealista “incurável”!!!. Veja os artigos já publicados por ele.

Fonte: http://comunicacaochapabranca.com.br/?p=5660

23 de abr. de 2009

Professores pseudo-adolescentes e a síndrome do “Orkut presencial”

Porque o Orkut e o MSN fazem tanto sucesso entre os alunos na faixa etária dos 11 aos 17 anos, justamente quando estão em um período reconhecidamente complexo de suas vidas chamado de "adolescência"?

Não é preciso ser nenhum especialista em psicologia da adolescência para concluir algo que é até excessivamente visível: é nessa época em que os jovens investem quase todas as suas energias nas relações sociais. O Orkut e o MSN são para eles simplesmente expressões modernas da possibilidade de ampliarem e intensificarem seus relacionamentos sociais.

A adolescência é linda! É uma época de descobertas, transformações e inquietações. Os hormônios invadem a corrente sanguínea e despertam, dentre outros efeitos, emoções, sensações e comportamentos diretamente ligados à necessidade biológica de inserção em grupos sociais. O corpo se transforma, os interesses mudam, novas necessidades surgem e os casulos vão se rompendo aos poucos, em uma metamorfose esplêndida.

Metralhados por todos os lados pelo marketing da sociedade de consumo, à caça de valores em um mundo que lhes pode oferecer qualquer coisa, com ou sem valor, em um tempo de suas vidas em que "ética", "moral" e "valores" são conceitos ainda em formação em cada um deles e, contando muito pouco com “modelos adultos” para se inspirarem, como vivem e sobrevivem esses adolescentes? O que a escola tem com isso?

Se os adolescentes não frequentassem a escola, e se não fosse justamente nesse período onde o seu aprendizado é mais prejudicado, a escola certamente não teria com o que se preocupar. Mas não é assim e, justamente por ser a escola atual o ambiente de relacionamento social mais intenso desses adolescentes, é que se faz necessário refletir um pouco sobre como podemos compreender melhor o comportamento adolescente na escola e porque nós, professores, temos um papel importante nesse comportamento.

Se você conhece algum adolescente que procura ficar sozinho, não tem muitos amigos e “não se entrosa muito bem com os demais”, fique de olho, ele pode estar com algum problema! Você já deve ter ouvido isso muitas vezes, não é mesmo? É claro que existem adolescentes assim, “quietos”, mas, ou eles realmente têm problemas, ou são exceções e podem ser eliminados da regra geral sem prejuízo do raciocínio.

Quando colocamos dois adolescentes juntos em uma sala fechada, rapidamente eles engatam alguma conversa. Se colocarmos dez deles em uma sala, sairá de lá uma grande discussão e uma conversa desorganizada beirando ao caos. Com vinte deles já temos uma situação onde é praticamente impossível manter qualquer conversa sem gritar no ouvido do outro, tamanho é o barulho das tantas conversas paralelas entre eles. Por fim, se juntarmos trinta ou quarenta deles em uma mesma sala, sabe o que teremos? Teremos uma sala de aula! :)

É bastante comum ouvirmos expressões como: “os adolescentes de hoje não tem limites”, “fulano não teve educação em casa”, “sicrano não tem noção de civilidade” ou “beltrano não consegue ficar quieto”. Sem contar as famosas queixas “daquela quinta série insuportável”, “daquele primeiro colegial que fala o tempo todo”, e por aí vai... É raro um professor que consegue falar para sua turma de adolescentes sem que algum deles lhe interrompa para soltar alguma gracinha, ou que simplesmente ignore a fala do professor e engate uma conversa com o colega ao lado. Quase tão raro quanto encontrar um professor que compreenda que “esse é o estado natural de convivência dos adolescentes”.

Adolescentes não respeitam uns aos outros, eles competem por popularidade, liderança e destaque no grupo. Adolescentes desconhecem a mecânica das conversações argumentativas, eles disputam opiniões no grito e, às vezes, no braço. Adolescentes não têm interesse por temas desvinculados de suas problemáticas pessoais e momentâneas, eles passam o tempo todo conversando sobre si mesmos. É isso que fazem no Orkut, é isso que fazem no MSN e é isso que fazem na moderna versão presencial desses ambientes: a escola!

Se hoje é muito difícil mantê-los calados ou focados em outra coisa que não seja neles mesmos, não é porque os adolescentes mudaram muito em relação ao que fomos quando éramos adolescentes, mas porque mudou a escola, a sociedade e os valores que pais, professores e alunos cultivam. É dessa mudança, desigual, assíncrona e despropositada, que nascem os conflitos em sala de aula, teorias pedagógicas conflitantes propondo resolvê-los e, invariavelmente, duas situações inconciliáveis: a do professor que vive profundamente incomodado com a “falta de modos” dos seus alunos, e a dos alunos, que vivem profundamente insatisfeitos com o professor que lhes incomoda e tenta impedi-los de fazer aquilo que eles vêm como necessário e natural na escola: socializarem-se.

Se houve um tempo em que dois alunos conversando, enquanto o professor falava para a classe toda, era visto como falta de educação, hoje os alunos vêem como impertinente o comportamento do professor que lhes chama a atenção e pede que encerrem sua conversa. Mas porque isso acontece? Porque os alunos hoje se sentem no direito de enxergar na escola apenas um “Orkut presencial”? E porque isso se dá, surpreendentemente, apenas com alguns professores e não com todos?

Se você perguntar para um aluno porque que ele conversa na aula do professor X e fica quieto na aula do professor Y, ele provavelmente lhe responderá que é porque o professor Y é chato, pega no pé, não tem respeito pelos alunos e por qualquer bobagem toma atitudes punitivas injustas. Enfim, o professor Y, que o aluno parece não gostar, mas respeita, é bastante diferente do professor X, que o aluno invariavelmente gosta mais e respeita menos. O que torna o professor X diferente do professor Y não é realmente a simpatia, a equidade, a justeza de atitudes ou qualquer outra coisa do gênero, mas sim, e tão somente, o grau de “pseudo-inserção na turma” que cada professor tem.

Professores do tipo X que, como adolescentes, convivem com a algazarra e se fazem ouvir pelos berros que dão, são, aos olhos dos seus alunos, adolescentes crescidos e ridículos que podem ser ignorados como membros desqualificados da turma, como outros adolescentes sem importância dentro do “grupo-sala”. Quando esses professores têm seus acessos de fúria e exigem respeito, os adolescentes os vêm como colegas sem mérito disputando a liderança do grupo e, não raro, vê-se um grupo todo de adolescentes insurgindo contra esses professores e criando verdadeiras “brigas de torcida”, onde o professor em questão ouve os mesmos elogios que os árbitros de futebol. Ainda que esses professores sejam apontados muitas vezes como os “mais legais”, eles só são apontados assim quando não estão em situação de conflito e nem tentando subverter a “ordem adolescente” estabelecida na sala de aula. As aulas desses professores são classificadas pelos próprios alunos como “perca total” (corruptela de "perda total"; expressão que tem um significado mais ou menos próximo de “aula onde não se aprende nada, mas que pelo menos se pode fazer a bagunça que quiser”).

Do outro lado, o professor Y, aquele sujeito chato, injusto, pegajoso, que pune por qualquer bobagem, exige silêncio durante suas falas, “explica mal”, “é mal educado, grosso e arrogante”, etc. etc., distanciando-se, propositadamente ou acidentalmente, do perfil adolescente, é visto como o “adulto chato”, “aquele que manda”, “aquele que não compreende o adolescente” e que, por isso, não pode e nem deve ser tratado como se fosse do grupo. Ele não merecerá elogios fáceis e receberá muitas críticas, mas será tratado como o “macho alfa” do bando (ou “fêmea alfa”, se for mulher). Se for justo e fizer uso de sua autoridade nos estritos limites do seu dever de ofício, acabará por conquistar o respeito “natural” de alguns alunos e poderá até mesmo se tornar modelo para os líderes dos diversos bandos adolescentes que disputam liderança entre si. Um dia talvez seja lembrado como “o Sr. Y, aquele que era f..., mas era legal e ensinava prá valer”.

Um pouco por obra da mídia, outro tanto pela adoção pela sociedade de um modelo de “ética de consumo” mas, principalmente, por demérito próprio, o professor, seja lá qual for o perfil dele, X ou Y, sempre encontrará pela frente novas turmas que disputarão consigo a liderança da classe. E essa é a grande diferença em relação às gerações passadas! Talvez, a única diferença significativa.

Nessa luta, se ele for do tipo X, rapidamente se dará um “acordo em desacordo de cavalheiros com modos rudes”, onde o professor aceitará passivamente uma liderança compartilhada em troca da pseudo-simpatia dos alunos (que, na verdade o desprezam pela frouxidão que demonstra e jamais o pretendem como modelo) e do baixo nível de cobrança que terá deles e do sistema (que tende a premiar ou ignorar o professor que passa desapercebido).

Se ele for do tipo Y terá de enfrentar vários adolescentes que disputam entre si (e não com o professor!!!) a liderança de seus grupos e que vêm no conflito com o “macho-alfa” (ou “fêmea-alfa”) uma forma de demonstrarem sua valentia; enfrentará, muito possivelmente, gestores que alegam já terem muita burocracia para cuidar e se incomodam quando há conflitos e questões pedagógicas para lidarem; terão de encarar pais que, tendo compartilhado a liderança de seus lares com seus filhos adolescentes, mas tendo também que vestir a fantasia de “pais protetores” perante a escola e a sociedade em geral, cobrarão desses professores “mais justiça com seus filhos”, “mais compreensão”, “mais tolerância”, enfim, mais tudo daquilo que eles mesmos deram tanto a ponto de perderem até mesmo a noção de que os seus filhos adolescentes, por mais incríveis que sejam e por melhor compreendidos que forem, serão apenas adolescentes até o dia em que conseguirem se tornar adultos (quiçá, bons adultos baseados em bons modelos).

Atualmente existe uma confusão muito grande entre o que se deve entender por “professor autoritário” e o que significa ser um “professor com autoridade”. Professores autoritários já estão extintos, foram-se junto com a escola autoritária, com os pais autoritários e com a sociedade autoritária de outrora. Nenhuma escola, lar ou instituição social, e creio que nem mesmo o próprio exército, consegue ser “autoritário” no contexto social em que vivemos. Donde decorre que o único meio pelo qual o professor pode garantir sua autoridade consiste justamente na sua capacidade de manter a autoridade que ele naturalmente tem por obra de seu ofício, pela compreensão da importância de representar um bom modelo adulto para os seus alunos e pela fibra moral de seus valores pessoais. O professor já vem para a escola com sua autoridade embutida nele. Ele pode perdê-la, abrir mão dela ou, simplesmente, não encontrá-la em si mesmo, mas ele não precisa buscá-la em nenhum outro lugar.

Ser capaz de gerir os conflitos em sala de aula, estabelecer regras justas, torná-las de conhecimento geral, não modificá-las por simpatia ou antipatia com alunos específicos e fazê-las cumprir com equidade e justiça; compreender as causas e formas de conflito mais comuns, manter-se sempre no nível superior das tomadas de decisão e não se deixar confundir com os próprios adolescentes em disputa; não se permitir ser influenciado psicologicamente pelos alunos e não perder o seu controle emocional, seus objetivos pedagógicos e suas metas como educador; isso tudo não é nada além do que a obrigação mínima de qualquer professor adulto.

Enfrentar os desafios que se seguem naturalmente dessa postura, orientar alunos e pais de alunos, administrar os conflitos com a gestão da escola e, ao final, produzir alunos com melhor aprendizado, mais habilidosos e capacitados para enfrentar uma vida de adultos, proporcionando a eles um modelo adulto de professor; isso tudo não é nada além do que a obrigação mínima de qualquer professor adulto.

O Orkut e o MSN são, naturalmente, espaços virtuais livres para a socialização dos adolescentes. O pátio da escola, a balada de fim de semana, o passeio com os amigos, as rodas de conversa nas calçadas, todos esses, são espaços reais livres para a socialização dos adolescentes. A sala de aula não! A sala de aula é um espaço para a socialização do conhecimento.

A sala de aula NÃO É um “Orkut presencial".


Fonte: http://aprendendoaensinar.blogspot.com/2009/04/professores-pseudo-adolescentes-e.html

22 de abr. de 2009

Escola de vidro

Olá Amigos

Esse conto abaixo foi uma indicação da minha amiga Suely professora e editora do blog Ufa! Bloguei! lá de Uruguaiana - RS. Ela fez uma postagem imperdível intitulada Escolas de Vidro? falando sobre esse conto da Ruth Rocha abaixo.

Como sempre a Ruth Rocha é fantástica na elaboração dos seus contos, mas ela se superou neste. Não sei se ele vem de encontro ao que estamos debatendo por aqui, mas que é pertinente ah isso ele é. Estamos vivendo como no conto da Ruth Rocha, em nossas escolas de vidro e que precisamos urgentemente do Firuli, um menino pobre, para quem não há vidro que o impeça de ser quem ele é.

Espero que o prazer da leitura eleve ainda mais a discussão. Não deixem de ler as postagem da Jenny Horta, do Sergio Lima, da Elisângela Zampieri . Estou esperando o retorno de mais postagens para indicarmos aqui.

Abraços

Equipe NTE Itaperuna

Quando a escola é de vidro

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Ruth Rocha

Naquele tempo eu até que achava natural que as coisas fossem daquele jeito.
Eu nem desconfiava que existissem lugares muito diferentes...
Eu ia pra escola todos os dias de manhã e quando chegava, logo, logo, eu tinha que me meter no vidro.
É, no vidro!
Cada menino ou menina tinha um vidro e o vidro não dependia do tamanho de cada um, não!
O vidro dependia da classe em que a gente estudava.

Se você estava no primeiro ano ganhava um vidro de um tamanho.
Se você fosse do segundo ano seu vidro era um pouquinho maior.
E assim, os vidros iam crescendo á medida em que você ia passando de ano.
Se não passasse de ano era um horror.
Você tinha que usar o mesmo vidro do ano passado.
Coubesse ou não coubesse.
Aliás nunca ninguém se preocupou em saber se a gente cabia nos vidros.
E pra falar a verdade, ninguém cabia direito.

Uns eram muito gordos, outros eram muito grandes, uns eram pequenos e ficavam afundados no vidro, nem assim era confortável.
Os muitos altos de repente se esticavam e as tampas dos vidros saltavam longe, ás vezes até batiam no professor.
Ele ficava louco da vida e atarrachava a tampa com força, que era pra não sair mais.
A gente não escutava direito o que os professores diziam, os professores não entendiam o que a gente falava...
As meninas ganhavam uns vidros menores que os meninos.
Ninguém queria saber se elas estavam crescendo depressa, se não cabia nos vidros, se respiravam direito...

A gente só podia respirar direito na hora do recreio ou na aula de educação física.
Mas aí a gente já estava desesperado, de tanto ficar preso e começava a correr, a gritar, a bater uns nos outros.
As meninas, coitadas, nem tiravam os vidros no recreio. e na aula de educação física elas ficavam atrapalhadas, não estavam acostumadas a ficarem livres, não tinha jeito nenhum para Educação Física.
Dizem, nem sei se é verdade, que muitas meninas usavam vidros até em casa.
E alguns meninos também.
Estes eram os mais tristes de todos.
Nunca sabiam inventar brincadeiras, não davam risada á toa, uma tristeza!

Se agente reclamava?
Alguns reclamavam.
E então os grandes diziam que sempre tinha sido assim; ia ser assim o resto da vida.
Uma professora, que eu tinha, dizia que ela sempre tinha usado vidro, até pra dormir, por isso que ela tinha boa postura.
Uma vez um colega meu disse pra professora que existem lugares onde as escolas não usam vidro nenhum, e as crianças podem crescer a vontade.
Então a professora respondeu que era mentira, que isso era conversa de comunistas. Ou até coisa pior...

Tinha menino que tinha até de sair da escola porque não havia jeito de se acomodar nos vidros. E tinha uns que mesmo quando saíam dos vidros ficavam do mesmo jeitinho, meio encolhidos, como se estivessem tão acostumados que até estranhavam sair dos vidros.
Mas uma vez, veio para minha escola um menino, que parece que era favelado, carente, essas coisas que as pessoas dizem pra não dizer que é pobre.
Aí não tinha vidro pra botar esse menino.
Então os professores acharam que não fazia mal não, já que ele não pagava a escola mesmo...

Então o Firuli, ele se chamava Firuli, começou a assistir as aulas sem estar dentro do vidro.
O engraçado é que o Firuli desenhava melhor que qualquer um, o Firuli respondia perguntas mais depressa que os outros, o Firuli era muito mais engraçado...
E os professores não gostavam nada disso...
Afinal, o Firuli podia ser um mal exemplo pra nós...
E nós morríamos de inveja dele, que ficava no bem-bom, de perna esticada, quando queria ele espreguiçava, e até mesmo que gozava a cara da gente que vivia preso.
Então um dia um menino da minha classe falou que também não ia entrar no vidro.

Dona Demência ficou furiosa, deu um coque nele e ele acabou tendo que se meter no vidro, como qualquer um.
Mas no dia seguinte duas meninas resolveram que não iam entrar no vidro também:
- Se o Firuli pode por que é que nós não podemos?
Mas Dona Demência não era sopa.
Deu um coque em cada uma, e lá se foram elas, cada uma pro seu vidro...
Já no outro dia a coisa tinha engrossado.
Já tinha oito meninos que não queriam saber de entrar nos vidros.

Dona Demência perdeu a paciência e mandou chamar seu Hermenegildo que era o diretor lá da escola.
Seu Hermenegildo chegou muito desconfiado:
- Aposto que essa rebelião foi fomentada pelo Firuli. É um perigo esse tipo de gente aqui na escola. Um perigo!
A gente não sabia o que é que queria dizer fomentada, mas entendeu muito bem que ele estava falando mal do Firuli.
E seu Hermenegildo não conversou mais. Começou a pegar as meninos um por um e enfiar á força dentro dos vidros.

Mas nós estávamos loucos para sair também, e pra cada um que ele conseguia enfiar dentro do vidro - já tinha dois fora.
E todo mundo começou a correr do seu Hermenegildo, que era pra ele não pegar a gente, e na correria começamos a derrubar os vidros.
E quebramos um vidro, depois quebramos outro e outro mais dona Demência já estava na janela gritando - SOCORRO! VÂNDALOS! BÀRBAROS!
(pra ela bárbaro era xingação).
Chamem o Bombeiro, o exército da Salvação, a Polícia Feminina...

Os professores das outras classes mandaram cada um, um aluno para ver o que estava acontecendo.
E quando os alunos voltaram e contaram a farra que estava na 6° série todo mundo ficou assanhado e começou a sair dos vidros.
Na pressa de sair começaram a esbarrar uns nos outros e os vidros começaram a cair e a quebrar.
Foi um custo botar ordem na escola e o diretor achou melhor mandar todo mundo pra casa, que era pra pensar num castigo bem grande, pro dia seguinte.
Então eles descobriram que a maior parte dos vidros estava quebrada e que ia ficar muito caro comprar aquela vidraria tudo de novo.

Então diante disso seu Hermenegildo pensou um pocadinho, e começou a contar pra todo mundo que em outros lugares tinha umas escolas que não usavam vidro nem nada, e que dava bem certo, as crianças gostavam muito mais.
E que de agora em diante ia ser assim: nada de vidro, cada um podia se esticar um bocadinho, não precisava ficar duro nem nada, e que a escola agora ia se chamar Escola Experimental.
Dona Demência, que apesar do nome não era louca nem nada, ainda disse timidamente:
- Mas seu Hermenegildo, Escola Experimental não é bem isso...

Seu Hermenegildo não se perturbou:
- Não tem importância. Agente começa experimentando isso. Depois a gente experimenta outras coisas...
E foi assim que na minha terra começaram a aparecer as Escolas Experimentais.
Depois aconteceram muitas coisas, que um dia eu ainda vou contar...

Obs.: O terceiro conto de Este admirável mundo louco, de Ruth Rocha que pode ser lido aqui

21 de abr. de 2009

Blogagem Coletiva - Escola forma gente para futuro ou para o passado?

Olá Amigos

Fazendo a minha parte nesta proposta de blogagem coletiva que eu propus nas listas Edublogosfera e Blogs_educativos baseada na pergunta da postagem abaixo intitulada "A Escola forma gente para futuro ou para o passado?" .

O meu amigo Sergio Lima do blog Blog e Física escreveu uma postagem fantástica e reveladora. Além de um email fantástico do amigo Franz do blog Este blog é a Minha Rua ( que alias espero já ter sido transposto para o seu blog) que estão trazendo mais luz ou será pimenta a discussão.

A Escola muda bem devagar e isso é uma afirmação incontestável. Essa é a sensação que se fica quando procuramos as mudanças introduzidas pelos computadores colocados nas escolas públicas do País. A escola é obsoleta e inadequada para a formação dos nossos jovens sim. Mas essa afirmação trás algumas outras questões que saltam aos olhos e geram um monte de outros questionamentos.

Como me foi dito pela minha amiga Suzana Gutierrez do blog Gutierrez/Su "uma coisa que aprendi nestes mais de 10 anos de rede e quase 8 de blog: as coisas não são pão pão / queijo queijo. As pessoas tendem a ver um lado só. Por ex: NÃO é verdade que quase todo professor não quer mudar e que TODO o aluno transita bem na tecnologia."

Em cima disso outras questões estão surgindo:
  • Será que devemos concluir que a Escola é, por essência, conservadora e resistente à mudança?
  • Devemos concluir que a tecnologia por si só não interfere nos hábitos humanos?
  • Devemos mudar as formas metodológicas de abordagem do problema?
  • Será que o problema é pertinente?
  • Será que há muito discurso e pouca ação?
  • Trabalhar por projetos seria uma solução viável?
  • Há um comodismo generalizado por parte dos docentes?
  • Não seria melhor derrubar tudo e começar do zero?
As respostas para estas questões propõem uma reflexão mais profunda e filosófica.

Afirmar que a escola é conservadora por natureza não esclarece como ela muda. E a Escola muda muito e já mudou bastante. Para nos convencermos disso basta que nos lembremos do que ela era há 20 ou 30 anos atrás ou pensarmos que a Escola esteve na origem do deflagrar de revoluções sociais de nível global - os violentos acontecimentos de que foram protagonistas estudantes universitários em vários países que tiveram influencia nos comportamentos sociais em todo o Mundo.

Nos países menos desenvolvidos os estudantes são também um grupo social irrequieto e muitas vezes envolvidos, tal como alguns professores, em processos de mudança social, política e tecnológica. Fazendo um sinal em que direção devemos seguir.

As formas de como vamos tratar o problema da mudança precisam ser revistos, em particular, no que cabe ao campo educativo. Ao rever os conceitos tradicionalmente dominantes, assistimos a variadas reações ao predomínio da ideia de sistema escolar como sistema de reprodução social.

Não posso deixar de ser partidário da importância da tecnologia, sou tecnólogo de profissão e educador por opção, mas nem por isso me sinto incomodado pelo fato de sobrevalorizar o poder das TICs em sala de aula. Mais difícil tem sido encontrar formas de compreensão das mudanças, em contextos caracterizados pela presença de novas tecnologias de informação em ambientes carentes de mudanças. Ou como cita o Sergio Lima as pequenas "Contra-Hegemonias Locais das Práticas Escolares " sempre difíceis e dolorosas, alem de demoradas.

Eu acredito ser possível uma nova escola sim. Por que espera-se da escola mais do que uma rotina onde se aprende e ensina, mas uma rotina de transformação social. Uma escola como espaço onde nascem e se discutem novas ideias, onde todos aprendem e colaboram, onde é possível crescer e transformar não somente o seu espaço social, mas o mundo a sua volta.

Mas você não vê assim?

Por que?

Então Comente, Opine.

Abraços

Equipe NTE Itaperuna

A Escola forma gente para futuro ou para o passado?


Olá Amigos

Encontrei esse vídeo no site Rede Vivo Educação - A Sociedade em Rede e a Educação e adorei, pois ele vem complementar o que temos discutido por aqui. Este vídeo foi apresentado no Seminário A Sociedade em Rede e a Educação no dia 19/03 que registra o pré-evento realizado no dia 18/03. O pré-evento envolveu alunos de escolas públicas, privadas, participantes de projetos sociais, professores e pais. Vídeo foi produzido pela equipe da Eletrocooperativa. Vamos a ele então:



Ele disse alguma coisa que eu e vocês não sabíamos?

Não.

Então por que nada muda?

Ou melhor por que as mudanças são tão pequenas que quase não as percebemos?

De sua opinião.

Participe

Abraços

Equipe NTE Itaperuna

20 de abr. de 2009

Ser ou Não Ser? Eis a questão.

Olá Amigos

Meu amigo Sergio Lima do blog Blog e Fisica - Um blogue específico sobre Fí­sica e Educação indicou o texto abaixo escrito por João Carlos Caribé, e após ler fiquei pensando... Será? Acho que a escola esta naquele dilema de Hamlet de William Shakespeare que da título a postagem.

Ser ou Não Ser? Eis a questão.

Mudar é necessário, urgente e principalmente fundamental para que a escola continue a ser um espaço importante na vida das pessoas. Transforma-la novamente num espaço onde o prazer da descoberta, da troca de conhecimento e principalmente do convívio social prioritário dos jovens seja real. Que a escola esta perdendo terreno para a internet é público é notório e isso ninguém discute.

Como o texto abaixo cita, e eu confirmo, é possível sim aprender muito mais na internet do que na escola coisas que podem fazer a diferença nesse momento. Mas ninguém pode ou conseguira substituir o professor como mediador, como parceiro e principalmente como amigo.

Amigo sim. Eu sou amigo de meus alunos e tenho certeza de que eles me tem como amigo, pois eu não perdi uma coisa que muitos de meus colegas perderam: a capacidade de escuta-los e de dar voz a eles. Saber ouvir e principalmente estar aberto para as sugestões deles é um diferencial importante.

Educar com amor, sinceridade e principalmente com qualidade pode sim transformar não somente a escola, mas transformar o mundo a nossa volta.

Open your mind, Open your heart and finally change the world

Abraços

Equipe NTE Itaperuna

Ainda precisamos do velho modelo de educação?

Irapuan Martinez, um velho amigo, sempre defendia a tese de que Internet se aprende na Internet, esta afirmativa ja faz quase dez anos. Por muito tempo argumentei que não era bem assim, afinal eu tinha um Centro de Treinamento Macromedia, e precisava defender o argumento de que aprendendo comigo era mais rápido.

http://radian.org/notebook/wp-content/uploads/20071128-IMG_1120.JPG

Mas o tempo passou e meu filho cresceu digitalmente livre, nunca instalei nenhum software de controle, e ele sempre teve o proprio computador. Ensinei-o a se defender digitalmente, e sobrevivemos. Ele usou esta liberdade para aprender à aprender. Na web ele aprendeu Perl, Ruby, C#, ActionScript 3, Modelagem de jogos, aprendeu a gerenciar e construir servidores de MMORPG, modelagem de mundos virtuais e agora estava no quarto aprendendo modelagem no Maya, e a cada dia me surpreende com uma novidade. Tudo isto com poucos livros, alias os poucos livros sobre o assunto continuam novinhos, ele não os usa, aprendeu tudo na Internet. O espirito do consumismo hedônico da nova geração nele se deu pelo conhecimento, ele é um devorador de conhecimento, mas não demonstra nenhum apego com ele, joga fora projetos sem a menor cerimonia.

Meu filho costuma chamar a escola dele de Jurasica, apesar de ter lousas digitais, não permite que o aluno use nenhum equipamento eletrônico em sala de aula. Ele não quer um notebook, pois não pode rodar os seus jogos prediletos, nem um mini notebook porque não o deixarão usar na sala de aula.

O que acabei de relatar do meu filho, é um retrato do que vem por ai, ele não é a media, faz parte de uma minoria digitalmente alfabetizada, a grande maioria dos amigos dele, avalio em 90% ainda utilizam a tecnologia sob a édige da ignorância arrogante, do preconceito midiaticamente construido, desta forma sempre tiveram a internet sob uma visão distorcida, uma internet como um mundo de perversidade e maldade, e repleta da bobagens e com nada para ensinar, azar o deles, sorte do meu filho.

E é no conflito destes dois mundos que foco meu artigo, que não tem objetivo conclusivo, apenas de levantar a discussão. A semente da questão se deu pelo último Descolagem de 2008, foram várias palestras interessantes e a do Luli, apesar dele aplicar uma dinâmica de locutor às suas palestras, pesquei muitos insights interessantes. Um deles foi sobre o que acontece com a tecnologia no ambiente educacional, foi mais ou menos assim:

O educador não entende a tecnologia, o desconhecimento apresenta-se como uma ameaça, e esta ameaça é respondida como o entendimento de que a tecnologia é nociva. Dai surge o bordão de que na Internet só tem bobagem, e que ela “come criancinhas”.

Na verdade sugiro que você leia sobre o Descolagem #3 Educação, e vejam os videos disponíveis, todos os palestrantes tiveram insights interessantes, foi um compartilhamento sublime de conhecimento.

Voltando à discussão, em breve mais crianças serão digitalmente alfabetizadas, com a ubiquidade do acesso à Internet, o computador é o único vilão que os papais dinossauros enxergam. Mas onde iremos chegar?

Simples, muito simples, como diz o Luli, as escolas são verdadeiras redes sociais, ninguem vai para a escola para aprender, vai para encontrar com os amigos, aprendem como consequencia. Alias é justamente no aprender e ensinar que esta a questão.

O modelo falido de educação no Brasil pode ficar pior, e corre o risco das crianças surpreenderem seus professores com informações e novidades que eles mesmos não sabiam. Alguns mitos foram e serão quebrados, e isto demanda uma reação rapida por parte dos educadore e escolas, é uma questão de sobrevivência, antes que eles se tornem obsoletos:

  1. Ensinar a aprender - Para muitos não existe outra opção, o professor precisa mastigar a informação e deposita-la na cabeça do aluno, mas isto é uma herança do secular sistema educional, onde um professor fala e os alunos escutam. É um mal tão sedimentado em nossa sociedade, que quando o professor tenta ser diferente, ensinando a aprender por exemplo, é criticado. Mas o certo é isto, é ensinar à aprender, aprendendo à aprender o aluno aprende a filtrar as informações, mas se o aluno aprender sozinho para que serve o professor?
  2. Orientador e motivador - O professor passa a atuar como um orientador e motivador, um instigador da curiosidade, ensina ao aluno a buscar informações relevantes, a confrontar as discordantes e principalmente o ensina à tirar suas próprias conclusões.
  3. Internet só tem bobagem - Acho que não tem bobagem maior do que esta afirmativa, e o pior é que as crianças estão descobrindo que estão sendo enganadas por seus professores, afinal não é bem assim. Tem bobagem sim, mas tem muita coisa relevante.
  4. A informação precisa ser sistematizada - Esta ai um caso curioso, a sistematização da informação para aplicação em sala de aula é uma herança do tempo que o acesso ao conhecimento era elitizado, hoje em dia muita gente compartilha informação relevante na web, e esta informação esta acessível a qualquer um. A essência esta em ensinar ao aluno à sistematizar estas informação, quem sabe um roteiro de pesquisa não ajude?
  5. Tecnologia tira a atenção do aluno - Na verdade o aluno esta acostumado a interagir, e a buscar informações com velocidade, a nova geração esta ficando multitarefa, é aquela geração que usa o computador assiste TV e ainda pode estar ouvindo música, tudo ao mesmo tempo, “zapeando” de um para o outro na hora em que um tiver algo relevante. Imagine este mesmo aluno sentado numa carteira assistindo a um único discurso vindo de uma única fonte, no caso o professor. Esta na hora de virar a tecnologia a favor da educação.
  6. Use as novas tecnologias - Não evite as tecnologias, a proibição de celular em sala de aula é uma grande bobagem, a nova geração é conectada, e diferente do que se preconizava, tem intensa vida social online, e tem boa parte do seu lazer digital em grupo. As escolas deveriam aprender com a industria dos Games, porque não uma aula por semana no Second Life? Porque não adaptar um MMORPG para ensinar história? Porque não pedir um trabalho de Geografia no Google Maps, ou modelo de física no Flash?

A questão é que não faço ideia de como pode ser o novo modelo de educação, não sou educador, sou publicitário e professor eventual, posso estar falando um monte de bobagens, mas ao menos emito minhas opiniões, compartilho minhas ideias, gosto de uma boa e construtiva discussão.

E você acha que o velho modelo educacional ainda sobrevive quantos anos?

Autor: João Carlos Caribé

Postado originalmente no blog Entropia!

Fonte: http://www.trezentos.blog.br/?p=269

19 de abr. de 2009

Arquitetura Escolar

Olá Amigos

Hoje abaixo há uma postagem do professor João Luís de Almeida Machado editor do portal Planeta Educação de vários outros blogs, intitulada "Qual a fórmula da Educação de Qualidade?" . Nela ele comenta sobre os padrões de arquitetura vigentes, conservadoras e as atuais mais modernas.

http://faggiani.files.wordpress.com/2006/08/sala_aula.jpg

E verdade que elas influenciam sim na aprendizagem e no desempenho de alunos e que também facilita a aplicação das TICs no cotidiano escolar. Sobre esse tema inclusive foi escrito vários textos e também foi proposto uma blogagem coletiva iniciado pelo professor Jarbas Jovelino editor do Boteco Escola que escreveu uma série de posts interessantes no seu blog sobre "Arquitetura e Educação": Arquitetura e Educação, Prédios e equipamentos escolares ensinam, TIC’s e arquitetura escolar, Escolas como fortalezas, Tecnologia, arquitetura e educação, Sala da diretora X sala dos professores e pelo professor José Antônio Kuller do blog Germinal - Educação e Trabalho que escreveu os maravilhosos textos Escola do Futuro? , Arquitetura Escolar e Indução Pedagogica e o Arquitetura escolar e Aprendizagem Criativa baseado nos textos do Jarbas Jovelino.



Há textos igualmente interessantes que vem acresentar algum molho nessa discussão. Textos como os feitos pelo professor Allison Bruno do blog abruno.com [ Blog ], da Cybelle Meyer editora do blog Educar Já e do Cybelle Meyer: Falando Sobre com uma postagem igualmente fantástica, do Sergio Lime editor do blog Blog e Fisica que escreveu um texto muito legal em cima de uma pergunta que gerou uma discussão iniciada na lista de discussão blogs Educativos da qual eu participo junto com os amigos citados acima.

Por isso os blogs são essa ferramenta poderosa. Eles tem o poder de iniciar uma discussão e trazer a luz para alguns pontos que para alguns até então estavam ocultos ou eram desconhecidos. Por isso sempre que visitar algum blog comente, expresse sua opinião pois alguem pode precisar dela.

Abraços

Equipe NTE Itaperuna

Qual a fórmula da Educação de Qualidade?

Quem tem razão na busca deste Cálice Sagrado?

Sala-de-aula-com-carteiras-vazias-e-um-professor-escrevendo-na-lousa

Imaginem uma sala de aula convencional, como tantas que conhecemos, podendo ser tanto àquela em que você estudou quanto outra qualquer, independentemente do contexto em que aconteça, neste caso sendo possível pensar ainda naquela que foi utilizada na formação de seus pais e avós ou na de seus filhos. O que lhe vem à cabeça? Uma mesa de professor tendo às costas um quadro negro ou lousa? Fileiras de carteiras de alunos? O andamento da aula, com os alunos voltados para o professor, prestando atenção naquilo que é por ele ensinado? Atividades e tarefas sendo colocadas na lousa para que os alunos trabalhem individualmente e em silêncio?

Pois esta é a escola de ontem e que continua sendo aquela que está em uso nos dias de hoje na maioria das redes e escolas brasileiras e em várias partes do mundo. E, creiam, continuará ainda a ser a dura realidade pela qual terão que passar milhares, ou melhor, milhões de estudantes em seus processos formativos. Sua perspectiva continuará sendo retilínea (a olhar para a lousa e para a cabeça de seu companheiro instalado a sua frente), individualista, pautada naquilo que o professor (o detentor dos conhecimentos) estiver a ensinar e, em grande parte dos casos, reprodutivista de conteúdos.

Faltam então as inovações tecnológicas? Computadores e Internet seriam a resposta necessária e adequada a esta situação? Precisamos equipar as escolas com modernos “gadgets” (termo utilizado pelos especialistas em tecnologia para falar sobre os recursos eletrônicos incorporados regularmente ao cotidiano) como câmeras digitais, netbooks, redes wireless, scanners e tantos outros instrumentos de alta tecnologia para que surja a escola do futuro?

Ou será que carecemos de novos e revolucionários métodos de ensino que estimulem e realmente promovam o processo de ensino-aprendizagem gerando verdadeiro interesse e participação dos estudantes? Neste caso, seriam necessários também materiais didáticos inovadores e o preparo dos professores para seu uso, não é mesmo?

Talvez a resposta esteja na melhoria das relações entre professores e alunos... Quem sabe um aprofundamento em psicologia e relações humanas para os docentes acabe promovendo um intercâmbio e uma ponte bem constituída para a efetivação da educação nas salas de aula brasileiras.

Outra possibilidade pensada por muitos se refere à ideia de que para tudo modificar é preciso melhorar a qualidade do trabalho dos gestores das redes e escolas brasileiras. Se tivermos por parte destes profissionais maior foco e cobrança (tanto em relação a eles quanto deles sobre os professores e demais profissionais que atuam nas escolas), planejamentos e execução meticulosa de projetos educacionais, iremos obter melhores resultados em nossas salas de aula.

Há também aqueles que pensam ser indispensável inserir e estimular mais a participação das famílias na vida escolar de seus filhos. Os pais devem acompanhar mais de perto não apenas a questão das notas e do rendimento escolar nas disciplinas, mas conhecer os professores, participar também de eventos de outra natureza nas escolas, acompanhar as mudanças que estão sendo promovidas nas redes e na legislação...

Existem também pessoas que acreditam que a escola precisa estar mais atenta às mudanças da clientela que atende, ou seja, de seus alunos. Os estudantes do século XXI têm outro perfil, são mais ligados na informação, mas não sabem transformar todos os dados aos quais têm acesso em conhecimento, como lidar com isto? E outra, de que forma tornar as escolas palatáveis aos olhos desta geração tão plugada e íntima das tecnologias? Desprezar esta realidade significa, na visão destes especialistas, sacrificar qualquer tentativa de melhorar a qualidade da educação no país...

Outra corrente advoga a ideia da aproximação entre a educação e a cultura como sendo o meio através do qual seriam criadas condições para efetivar um aprendizado lúdico, diferenciado, interessante e verdadeiramente estimulante aos olhos dos estudantes e mesmo dos professores. Cinema na escola, teatro, artes plásticas, música, dança, literatura e todos os recursos da arte e da cultura disponíveis poderiam e deveriam ser colocados em pauta e transformados em meios e recursos para tornar nossas salas de aula locais em que a aprendizagem realmente acontece.

Não podemos nos esquecer dos esforços que já estão sendo realizados para “mensurar” a educação e permitir que, através de dados e informações coletadas possamos entender os dilemas de nosso sistema educacional e resolver seus problemas com a escolha dos melhores e mais adequados “remédios”. Há pessoas que acreditam que este esforço inicial de compreensão dos problemas educacionais a partir da mensuração de seus gargalos com exames nacionais, estaduais ou municipais das redes, escolas, professores e alunos já é mais de meio caminho andado rumo à solução das dificuldades da educação...

A formação e atualização dos conhecimentos e práticas educacionais utilizadas pelos educadores é outra forte vertente sempre colocada em pauta quando se discutem as soluções educacionais preconizadas para as escolas brasileiras. Discussões sobre salários melhores, reconhecimento do esforço individual e coletivo de redes e escolas, gratificações e bonificações constitui outra seara que sempre é colocada em pauta quando se fala em resolver os “nós” que estrangulam e impedem a educação de qualidade no país.

Investimentos em laboratórios de ciências, bibliotecas, quadras esportivas e projetos relacionados a esporte e ciência também estão sempre sendo colocados como alternativas importantes para a qualidade da educação. Até mesmo o ensino religioso e as disciplinas que trabalham a filosofia, a sociologia, as relações humanas, a ética, a moral e a cidadania são pensados como projetos importantes para a educação.

Mas, como podemos realmente efetivar transformações que modifiquem a visão inicialmente apresentada neste artigo e que evidencia uma triste e dura realidade vivida em nossas escolas – semanalmente apregoada pela imprensa através de artigos e mais artigos que demonstram as dificuldades de nossos estudantes até mesmo para as mais básicas ações educacionais, como ler, escrever e fazer cálculos matemáticos?

Quem tem razão neste emaranhado de soluções que estão sendo propostas e realizadas de forma isolada em escolas e redes brasileiras, por iniciativas individuais, governamentais ou privadas? Seria possível apontar um destes caminhos como sendo a chave que irá desencadear a imprescindível revolução pela qual nossa educação precisa passar para alcançar a tão sonhada qualidade?

Tive a preocupação de enumerar toda esta série de ideias que estão sendo discutidas e colocadas em prática em nosso país e também fora dele porque na realidade acredito que a escola de nossos sonhos só irá surgir a partir do momento em que conseguirmos concatenar e realizar todas as ações aqui listadas (além de outras tantas a serem sugeridas). Tenho consciência que isso só acontecerá após planejamento e intercâmbio de experiências, com o apoio decisivo de todos os setores da sociedade e vontade política para tal, com os devidos e calculados investimentos e, principalmente, num contexto de confiança, solidariedade e disposição real para que esta transformação realmente ocorra.

Creio, sinceramente, que a educação de qualidade é o elemento decisivo para completar a transição que o Brasil precisa rumo à justiça social, ao desenvolvimento econômico e a superação de suas mazelas e incongruências. Não é preciso enumerar as vantagens que decorreriam desta revolução, mas apenas como exercício complementar e de finalização deste texto, podemos destacar que a educação de qualidade poderia legar ao país, por exemplo: maior qualificação da mão de obra, preparação para o exercício pleno da cidadania, diminuição dos índices de violência, maior preocupação e ações em prol do meio ambiente, redução dos casos de doenças e gastos com saúde, combate sistemático a corrupção, aumento dos índices de produtividade, inserção mais rápida ao mundo tecnológico...

João Luís de Almeida Machado Editor do Portal Planeta Educação; Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).

Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=1477