O filme de hoje no Projeto Cinema no Caldeirão é o "Diários de Motocicleta" de Walter Salles, talentosíssimo diretor nacional. O filme em questão foi escolhido como apoio aqueles professores que queriam trabalhar com algum projeto relacionado aos 50 anos da revolução cubana.
O chamado "road movie" tem um atrativo todo especial para o cinema. Está sempre em movimento e, como em um pensamento "zen", geralmente não é o objetivo que importa, mas sim a jornada.
Diários de Motocicleta começa e termina de forma bem diferente, ambas com muitos pontos positivos. No início do filme, são apenas dois jovens que querem se divertir, conhecendo muitas pessoas, países e culturas diferentes. Nesse ínterim, eles vão passar por vários problemas e confusões, a maioria protagonizada por La Poderosa e descobrir que o mundo é menos justo do que pensavam. Podemos sentir o idealismo dos amigos aflorando aos poucos durante o filme e ambos deixando de ser crianças para, enfim, penetrar no mundo adulto.
Um dos momentos mais emocionantes é quando os dois vão para um acampamento de leprosos (Ernesto é estudante de medicina e Alberto é bioquímico). Lá, se deparam com uma situação ridícula onde os próprios médicos não têm coragem de chegar perto dos pacientes e começam sua primeira revolução, quebrando as regras e tratando os pacientes como qualquer ser humano merece ser tratado: com respeito. Os doentes, é claro, retribuem com muito carinho e verdadeiras amizades se formam, transformando até o próprio espectador, que também aprende a ver as pessoas por trás dos rostos marcados por uma das piores doenças da história.
Independente de se tratar da juventude de Ernesto "Che" Guevara, "Diários de Motocicleta" também é um filme sobre um jovem que se torna adulto, um jovem que também busca seu lugar no mundo. E no caso de Guevara, que lugar!
Todavia, a proposta de Salles em "Diários de Motocicleta" é buscar o homem, ou melhor, o menino, por trás do mito e o processo que o fez tornar homem. O ponto de partida para conseguir captar isso? Ora, novamente uma viagem. A viagem que Ernesto de La Serna (Gael García Bernal) e seu amigo Alberto Granado (o ótimo Rodrigo de la Serna) fizeram em 1952, cruzando a América do Sul desde a Argentina até o Peru.
"Diários de Motocicleta" é sim o filme poético que prometia ser desde que foi anunciado. É o melhor trabalho de Salles? Certamente não sei dizer.
Temas essencialmente humanos, tão caros a todo e qualquer sujeito, e capaz de realmente alcançar o menino por trás do mito, tornando-o um de nós.
Abraços
Equipe NTE Itaperuna
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