18 de abr. de 2009

Verônica

O bom professor é quase um super-herói

A primeira imagem que vemos é da laje de uma favela, onde os sempre algo fetichizados personagens de traficantes de drogas cariocas trocam algumas palavras sem muita importância. Pode parecer que o filme envereda por este gênero a estas alturas já bem conhecido (o “filme de favela”, ou ainda o “filme de traficante”), mas eles serão apenas coadjuvantes distantes, que dão o primeiro passo da história, mas que pouco aparecem nela. Na verdade, como o título bem deixa claro, o filme é sobre Verônica – mas quem é ela? Assim que Andréa Beltrão surge na tela em meio a uma enormidade de atores pouco conhecidos, restam poucas dúvidas: Verônica é ela, e o filme será sobre ela. É um filme de professor e sua dura realidade.

O ponto de virada do roteiro de “Verônica”, filme do diretor Maurício Farias, também marca a mudança de um elemento estético do longa. Até então, a fotografia ressaltava os tons naturais dos ambientes que a personagem principal habitava. Após ele, a fotografia passa a enfatizar tonalidades granuladas e o aspecto mais cru das imagens – de forma a nos mostrar que, a partir daquele momento, a vida de Verônica (Andréa Beltrão, esposa do diretor na vida real) nunca mais será a mesma.

No filme, acompanhamos a professora Verônica, que está passando por um momento de vida bastante delicado, uma vez que a mãe encontra-se hospitalizada à espera de uma cirurgia e que ela não aguenta mais a rotina de professora após 20 anos de magistério. É justamente neste instante de vulnerabilidade que ela se vê obrigada a ajudar um de seus alunos. Leandro (Matheus de Sá) teve os pais assassinados pelo pessoal do tráfico e passa a ser perseguido por policiais corruptos e por bandidos, os quais estão interessados num valioso pen-drive que o menino carrega consigo. Verônica, portanto, é a única chance que Leandro tem de escapar de tudo isso seguro e com vida.

Conhecida pelas personagens de viés mais cômico, como a Zelda Scott, de “Armação Ilimitada”, e a Marilda, de “A Grande Família, ver Andréa Beltrão na pele da personagem título deste filme será uma agradável surpresa. A atriz não decepciona ao construir uma mulher que se descobre forte e decidida e que não faria feio se comparada com tipos parecidos e que foram interpretados por Jodie Foster em filmes como “O Quarto do Pânico”, “Plano de Voo” e “Valente”.

O cinema brasileiro provou, com “Tropa de Elite”, que pode fazer um excelente filme de ação. Com “Verônica”, a indústria nacional mergulha num outro gênero que é tipicamente norte-americano: o policial. O longa de Mauricio Farias é uma obra surpreendente, mesmo reunindo alguns dos maiores clichês deste gênero. Talvez o maior trunfo de “Verônica” seja a apresentação de uma história que poderia acontecer em qualquer outro lugar do mundo. Portanto, com a estratégia de marketing correta, esta obra é um filme que pode se dar muito bem no mercado estrangeiro.

O Filme

Aos quarenta e poucos anos, Verônica vive um impasse. Após vinte dando aulas na rede municipal de ensino, exausta e sem paciência, ela não consegue mais nem se encantar com os alunos – como no início da profissão. Um dia, na escola em que trabalha, Verônica percebe que ninguém veio buscar Leandro, de oito anos. Já é tarde da noite quando a professora decide levar o menino até sua casa. Ao chegar na favela, encontram a polícia e muito tumulto. Traficantes mataram os pais de Leandro e estão atrás dele. Sem coragem de deixá-lo à própria sorte, Verônica foge com o menino. Ela quer escondê-lo e, para isto, pede ajuda: primeiro procura Paulo, ex-marido e policial, depois vai até Selma e Aline, colegas e professoras. Quanto mais tenta, menos sabe em quem confiar. De um lado estão os traficantes, do outro a banda podre da polícia. Se quiser sobreviver, a professora não pode seguir regras ou procurar a lei. Mas qualquer decisão que tome não garante que seus problemas acabem. Enquanto isto, Leandro não sabe porque está correndo de um lado para o outro e quer ver os pais. Verônica sente que, quanto mais foge, mais penetra num mundo próximo da sua realidade - mas imensamente distante do que deseja! No entanto, ao tentar superar sua resistência diante de uma criança que não é sua e conquistar a confiança de Leandro para manter os dois a salvo, Verônica encontra uma nova maneira de viver

Para Refletir

1 - O filme mostra a realidade da violência urbana em que estamos mergulhados até o pescoço. No filme Verônica, além de trazer em pauta, temas polêmicos como: as relações sociais, a falta de valorização profissional, corrupção, traz também, a questão da saúde pública no Brasil. Como você avalia esse setor dentro da sua cidade?

2 - Nas imagens vista no filme “Verônica” e nos seus conhecimentos, comente se em sua cidade existem conjuntos de moradias de populações de baixa renda. Trace as diferenças e semelhanças entre elas e a retratada no filme. Trabalhe a questão da distribuição de renda, PIB e indicadores de qualidade de vida.

3 - Uma mesma história pode ser contada sob várias perspectivas diferentes. No caso do filme Verônica, proponha que eles reescrevam a história, sem alterá-la substancialmente, usando como narrador o ex-marido da protagonista — e, portanto, selecionando os fatos de acordo com o que seria possível para ele saber.

Ficha Técnica

Genero: Ação, Drama
Ano: 2008
Pais: Brasil
Cor: corlorido
Distribuidor: Europa Filmes
Duração: 90 min.
Idioma: Português
Direção: Maurício Farias
Data Lançamento: 06/02/2009
Site: www.veronicaoFilme.com.br
Tipo: Longa Metragem
Elenco: Andréa Beltrão, Marco Ricca, Matheus de Sá, Giulio Lopes, Andréa Dantas, Patrícia Selonk, Flávio Migliaccio, Camila Amado, Aílton Graça, Jorge Lucas, Thogun, Jonathan Azevedo, Wallace Coutinho, Aline Borges


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