Imagine a cena: Uma criança de quatro anos entra num cômodo qualquer, nesse espaço ela encontra alguns brinquedos [como quebra-cabeças, jogos variados e multicoloridos, bonecas, bolas, carrinhos...], revistas em quadrinhos e livros infantis, todos amontoados no lado esquerdo dessa sala. À Direita, sozinho, numa mesa, repousa um computador com impressora conectado à Internet. Para qual lado essa criança irá pender, para os brinquedos ou para o computador?
Ficou em dúvida? Não sabe se para a criança os brinquedos serão mais atraentes que o computador? Já vivenciou uma situação como essa? O que aconteceu afinal?
Por experiência própria, como pai, professor, pesquisador, articulista e editor de um portal de educação na Internet [Planeta Educação], não teria dúvidas em assinalar a preferência da criança pelo computador. Os brinquedos e jogos, inanimados, podem até atrair a curiosidade da criança em questão caso ela tenha sido estimulada pela família a utilizar e se divertir com tais recursos em sua experiência de vida anterior, mas invariavelmente os jogos, cores, sons, recursos multimídia, o teclado, o mouse, a possibilidade de apertar botões e acionar programas, abrir janelas e variar as brincadeiras irão fazer com que o computador ganhe a disputa.
Isto me motiva - sempre que estou em contato com pais, professores e comunidade em geral, em palestras e oficinas - a orientá-los [ou aconselhá-los] a não inserir o computador na vida de nossas crianças antes dos cinco anos de idade. Foi, inclusive, o que eu e minha esposa fizemos com nossos filhos, somente permitindo que eles tivessem acesso a videogames ou computadores depois que tivessem brincado em tanques de areia, jogado bola, se divertido com jogos próprios para suas faixas etárias, desenhado e colorido muitas folhas de caderno, escutado canções e dançado ao som delas, imaginado outros mundos ao manejar carrinhos e bonecas...
Tenham certeza, os computadores farão parte da vida de nossos filhos num futuro muito próximo. Quando ingressarem no Ensino Fundamental já estarão sendo orientados ao uso dessa ferramenta. Por esse motivo, por que antecipar essa utilização, queimar etapas da formação em que se preconiza e prevê o uso de elementos concretos [como bolas, bonecas, jogos, lápis de cor...] ou então impedir que a imaginação desses pequenos se desenvolva se a eles e com eles não contarmos histórias, cantarmos, dramatizarmos?
Costumo dizer a todas as pessoas que posso que, no futuro, não será o conhecimento e uso dos computadores que fará a diferença na vida pessoal e profissional de quem quer que seja, mas o fato destas terem experimentado e vivenciado o encontro com os brinquedos, as leituras, as músicas, os filmes... Essas crianças crescerão mais saudáveis e, certamente serão mais felizes e criativas. Quanto a aprender a lidar com os computadores, isso será facilmente logrado por elas depois, garanto a vocês!
João Luís de Almeida Machado Editor do Portal Planeta Educação; Doutorando em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).
Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=1288
Um comentário:
Adorei! Você sintetizou tudo o que eu penso a respeito de crianças x computadores!
Tenho 1 filho de 5 anos e, por mais que ele queira, tento evitar que use o computador... tento estimular sua criatividade de várias maneiras, principalmente através da leitura. É uma questão de hábito...
Abraço!
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