25 de out. de 2008

Projeto Cinema no Caldeirão


Olá Amigos

Hoje o filme indicado no Projeto Cinema no Caldeirão e o Na Natureza Selvagem. Se eu não tivesse visto a atuação de Emile Hirsch e escutado as canções de Eddie Vedder do Pearl Jam no filme Na Natureza Selvagem não acreditaria na qualidade da fotografia e das musicas mostradas nele.

Quando vi o trailer de Na Vida Selvagem pensei em assisti-lo porque aquele maluco no filme indo atrás do Alasca e fugindo de si próprio com a desculpa de que a vida vale mais do que o dinheiro que podemos ganhar me chamou a atenção.

Não que eu saiba. Adoraria saber o que é importante nessa vida e o que não é, mas nem para mim mesmo eu sei. Mas eu sei o quanto de bobagem podemos fazer com nossas vidas na tentativa de corresponder expectativas. Não sei se ele teria sido mais ou menos feliz sendo o Chris que ele nasceu. Não sei se o certo é viver a vida que realmente queremos ou a que nossos pais gostariam. Não sei se é certo ou não jogar uma vida simples e convencional por uma aventura. Não sei o quanto é importante ter uma carreira, filhos, família... Não sei.

Na Natureza Selvagem faz você pensar o tempo todo sobre essas coisas. E não é um desses filmes idealistas bonitinhos que faz a gente querer largar tudo e correr atrás do nosso Alasca pessoal. Não é. É tão cansativo (mentalmente e cronologicamente) que se torna impossível não dar valor aos cotidianos comuns e até mesmo ao dinheiro que Chris tanto despreza. O filme te leva aos extremos dos conceitos de liberdade. Faz a gente querer conhecer pessoas por aí. Conhecer por conhecer. Conhecer como só conhecemos quando estamos livres. Conhecer sem segundas intenções, sem interesse algum, pelo prazer do encontro e da troca. Sai do cinema com uma porção de interrogações sociais. Me perguntando até que ponto somos capazes de perdoar e oferecer perdão, até que ponto vale a pena fugir para tentar se encontrar, até que ponto o dinheiro e as aparências nos tornam pessoas realizadas e em paz.

O Chris pode ter tocado a vida de muitas pessoas, era capaz de compreender qualquer coração abandonado numa estrada. atirava o próprio corpo em situações de risco com a coragem daqueles que não temem a morte, mas não conseguiu perdoar os erros do pai e da mãe a tempo.

Talvez não haja certo ou errado, talvez só a construção da História seja importante. Não sei... Hoje em dia, me pego pensando que os vilões são tão necessários quanto os heróis, que é a tristeza de um que eleva o caráter do outro. Que toda transformação só acontece a partir de uma fragilidade descoberta e que não há nada nesse mundo que não se resolva com um pouco de ternura e paciência.

Sem problemas familiares, Chris não teria descoberto o Alasca, não teria contado sua história e influenciado a vida de tantas pessoas, não teria emocionado meu querido gigante. Se eu não tivesse perdido tanta gente que amava, não teria fugido tanto, não escreveria tanto...

Não há liberdade que se conquiste sem algumas gotas de sangue. Não deve ter outro jeito... Assim como não deve haver história boa sem uma boa dose de coragem. Chris morreu do jeito que quis e, ao contrário do que pode parecer, não entregue a própria sorte. Num mundo onde o roteiro de nossas vidas vem traçado da maternidade e nos é cobrado diariamente pelo despertador, cartão de ponto e chantagens emocionais, morrer lutando por um pedaço de céu limpo é mais do que um ato heróico, é viver uma história amor.

Um filme imperdível e memorável.

Abraços

Equipe NTE Itaperuna

Um comentário:

cybelemeyer.blogspot.com disse...

Olá Robson,

Fico encantada cada vez que leio suas análises sobre os filmes.
Chego a ler duas, três vezes e cada nova vez me deparo com algo novo que me toca profundamente.

Estou começando a aguardar ansiosamente pelas suas indicações.
Que bom que você optou por trilhar este caminho e que bom que eu conheço o Caldeirão!
Beijinhos e ótimo final de semana