24 de fev. de 2009

O papel das novas tecnologias

Autor: Antônio Mendes Ribeiro

Ao escolher uma tecnologia educacional temos vários problemas envolvidos, entre os quais podemos citar:



O espaço que ela propicia

Cada tipo de tecnologia tem suas funcionalidades próprias, seja para distribuir conteúdos (Powerpoint), permitir interação(correio eletrônico), colaboração ou conexão (redes sociais), até mesmo a administração da participação dos alunos num curso (relatórios de atividades realizadas no Moodle). O ambiente criado pela tecnologia, que permite a realização das atividades de aprendizado, caracteriza o seu espaço, que pode ser, por exemplo, aberto e coletivo (wiki) ou fechado e individual (Powerpoint), de acordo com as estruturas existentes.

Um aspecto importante que devemos considerar é o criador do espaço, aquele que em última instância define as regras do jogo no ambiente, libera ou restringe as estruturas ou os mecanismos disponibilizados pela tecnologia. Aquele que exerce o poder sobre o ambiente. Cada tipo de espaço tecnológico tem associada, de forma explícita ou implícita, uma pedagogia, podendo no mesmo serem adotadas ou integradas abordagens comportamentalistas, cognitivistas, construtivistas, conectivistas. Alguns espaços são mais próprios para adoção, por exemplo, de abordagens comportamentalistas (Powerpoint), que normalmente colabora para que um professor exerça todo o poder na sua aula.

A estrutura existente

Como agir num espaço tecnológico é definido por suas estruturas, que podem ser hierárquicas ou flexíveis, abertas ou fechadas, livres ou administradas, promovidas ou criadas. Elas é quem definem, em última instância o controle sobre o espaço: se as atividades ou recursos são centrados num autor, nos leitores, em grupos ou comunidades (sejam professores ou alunos). A estrutura do Powerpoint ( conteúdos seqüenciais, a serem apresentados por um autor para muitos leitores), favorece de forma significativa aulas centradas no professor. As estruturas em rede (não hierárquicas) favorecem a autonomia dos alunos, na medida em que permitem que eles assumam por conta própria o controle de suas atividades de aprendizagem, conseguindo assumir uma identidade própria e coletiva no seu ambiente de trabalho.

As tecnologias com suas estruturas e mecanismos específicos favorecem de forma explícita as diversas possibilidades de controle.Mesmo com o uso de tecnologias mais flexíveis muitas vezes os alunos individualmente ou em grupos não conseguem assumir o controle do ambiente, pois ele pode ser exercido de forma implícita pelo professor (o dono do espaço). Neste caso é mais um controle cultural, pois podemos levar para os espaços abertos, todas as posturas e hábitos que estamos acostumados a vivenciar na nossa prática convencional de ensinar e aprender. Num fórum colocado num LMS pelo professor, para que os alunos discutam livremente sobre um certo tema, os alunos não se comportam da mesma forma como se estivessem, por exemplo, interagindo com seus amigos na sua comunidade do Orkut.

O nível de conhecimento possível de se alcançar

Nem toda tecnologia favorece a construção de um conhecimento de forma plena. O Powerpoint, por exemplo, voltado para apresentações, com uma estrutura normalmente linear e seqüencial, é mais adequado para a transferência de conhecimentos. É o que acontece numa aula expositiva com o professor fazendo uso dessa tecnologia. Dependendo do Powerpoint os alunos são meros receptores das mensagens do professor ( qualquer coisa mais rica do que isto, teria que ser feita com outro tipo de tecnologia, ou através de contatos diretos pessoais). Já outras tecnologias auxiliam mais na aquisição de habilidades, permitindo que o aprendiz acomode novos conhecimentos, relacionando-os com os já existentes. É o caso de um navegador da internet, que ao permitir a transferência de conhecimentos de uma página para o aluno, permite que o mesmo navegue em outros sites, na medida que este dê significado aos links existentes. Tutoriais com estruturas ramificadas também auxiliam a aquisição deste nível do conhecimento. Para a aquisição de novos conhecimentos por um aluno, a partir dos conhecimentos existentes, a tecnologia tem que ser mais social, favorecer a sua interação com os demais integrantes de seu grupo de pares. É o caso dos e-grupos ou fóruns fechados. Para adquirir de forma plena um conhecimento precisamos contextualizá-lo e validá-lo junto a especialistas na área ou outras pessoas com os mesmos interesses, o que pode ser feito conectando-se em redes sociais.Na medida que participamos de uma comunidade de prática, interagindo com colegas mais experientes em algum assunto de interesse comum, temos a chance de acessar novas informações, socializarmos as nossas visões, expor, refletir, reconstruir e desenvolver de forma plena nossos conhecimentos.

Hoje temos condições de organizarmos um processo de aprendizagem de forma diferente, utilizando ferramentas pessoais e software social, que com seus espaços e estruturas inovadores, permitirão que os nossos alunos construam e referendem seus conhecimento de forma mais efetiva. Podemos ter ecologias de aprendizado, abertas e em rede, de modo a dar poder aos mesmos para que exerçam uma identidade própria, necessária para a resolução de problemas, por conta própria e em parceria com seus colegas. É a forma que se tem para permitir a individualização do aprendizado, em função das necessidades específicas de cada aluno, através da criação de um ambiente no qual possa exercer de forma criativa sua autonomia, em colaboração com colegas, professores e especialista dos assuntos em questão.
O autor Christian Dalsgaard, no seu artigo Social Software: E-Learning Beyound Learning Management Systems, advoga o uso separado das ferramentas pessoais e das redes sociais, em outros espaços, fora dos LMS. A ecologia de aprendizado proposta é baseada nas estratégias pedagógicas abaixo:



· UM ESPAÇO PRÓPRIO SOMENTE PARA OS ASPECTOS ADMINISTRATIVOS (Sistemas de Gerência de Aprendizado), com suas estruturas mais formais, onde o professor pode disponibilizar seus materiais, as tarefas a serem desenvolvidas pelos alunos e efetuar o acompanhamento e avaliação das mesmas

· UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS (INDIVIDUAIS E COLETIVAS) PARA A CONSTRUÇÃO, APRESENTAÇÃO DE MÍDIAS, REFLEXÃO E COLABORAÇÃO COM SEUS PARES, acessadas em diversos espaços específicos da internet ( servidores online)

· FACILITAÇÃO NAS REDES SOCIAIS, VISANDO A CONEXÃO ENTRE ALUNOS NUM MESMO CONTEXTO DE APRENDIZADO, PARA TRABALHO COLABORATIVO DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS, em espaços abertos e não hierárquicos, criados e vivenciados pelos próprios alunos


Fonte: http://www.peabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=13309#cPost

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