29 de jun. de 2009

Uma visão contemporânea do professor do futuro e o uso da informática educativa na escola


Vivemos num mundo, onde em muitos aspectos e parecido com o mundo em que viveram os nossos pais e avós. Muitas invenções feitas nesse século estão disponíveis a todos, em quase todos os setores da vida humana.

Os computadores, a internet e outras tecnologias relacionadas à telecomunicação encontram-se em quase todos os ambientes dos quais o ser humano esta presente. É como não podia deixar de ser a escola e em particular a educação está sofrendo com esse avanço tecnológico.

Atualmente estamos assistindo a uma revolução cultural que se caracteriza pelo amplo uso das tecnologias da informação e comunicação. O conhecimento é um fator importante de produção nessa sociedade.

Ainda que não pareça tão evidente para alguns, essas mudanças estão presentes no nosso dia a dia, transformando o mundo em que vivemos todo dia um pouquinho mais. Para alguns de nós educadores, elas podem não parecer tão importantes ou significativas, mas de alguma forma esse avanço tecnológico está mudando o nosso jeito de aprender e ensinar.

Nos tempos atuais, a escola não pode ser conformar com o simplesmente ensinar a ler e escrever, como único mecanismo de superação pessoal. Se quisermos que nossos alunos tenham oportunidades na sociedade, nos devemos assumir o nosso desafio de levá-los a um novo patamar.

O mundo esta se confrontando com o nascimento de uma nova era, um novo sistema social, em que o conhecimento, o acesso e as aptidões para usar as novas tecnologias serão o elemento-chave da economia, da geração de riquezas e principalmente com a educação.

Se não tomarmos a responsabilidade de formar nossos alunos para que sejam inseridos na “sociedade da informação”, estaremos relegando eles, ou melhor, condenando eles as piores condições ou a exclusão social.

Se ignorarmos o que esta acontecendo no mundo, se, por medo ou por acreditar que é algo muito distante de nós, ou ficarmos indiferentes e não nos prepararmos, estaremos condenados a ser vitimas passivas daquilo que outros decidirem.

A única maneira de assumir essas mudanças com responsabilidade é compreendê-las. E bom que integremos essa tecnologia para transformar o mundo, para nos divertimos e, também, para transformar a própria tecnologia.

O mundo está mudando e também deve mudar a educação que damos aos nossos alunos, para que enfrentem e se desenvolvam nesse mundo onde o domínio e a transformação de informação em conhecimento, onde as redes sociais formam e define quem você é dentro desse mundo novo. Para isso precisamos estar preparados, motivados e capazes de levá-los, ou melhor, ir com eles a esse futuro que já chegou.

Eu costumo me perguntar por que devemos usar tecnologia na escola e a resposta é sempre uma pergunta: Por que queremos que a escola seja moderna? Possivelmente, ainda que isso pareça impensável para alguns, não interessa que a escola seja moderna ou atual.

A escola não precisa estar na moda, no sentido fashion da palavra seus ou no sentido top da tecnologia, mas o que interessa é a escola conseguir os seus objetivos: formar integralmente seus alunos, capacitando-os para que se insiram no mundo moderno para que eles sejam protagonistas, os senhores dos seus destinos, de suas vidas e se transformem em agentes de mudança social.

Propor o uso do computador nas escolas despertou grande interesse, mais ainda gerou uma expectativa em todos os segmentos da educação. Criou-se um mito de que apenas a chegada dos computadores nas escolas ocasionaria uma grande revolução no sistema de ensino, uma revolução da qualidade educativa, com a qual se conseguiria cumprir os objetivos da educação que a sociedade esperava e que precisava.

Quando acreditamos que os aparelhos têm em si o poder de gerar esta mudança, sentimos que tais equipamentos nos enganaram que não cumpriram a promessa de “modernizar” e “melhorar” a qualidade de nossa educação. Os computadores são meios e não o fim.

O erro esta em pensar que eles são “varinhas mágicas”, e que a sua simples presença na escola basta para transformar a realidade de uma instituição educativa. O certo é de que não existe formula mágica para enfrentar o problema a partir de outra perspectiva de ação.

O sistema educativo e a escola são processos culturais. A escola não é o agregado de coisas que formam o “edifício escolar”. A escola é uma instituição social, na qual se somam pessoas (professores, alunos e funcionários), normas e processos sociais. E uma mudança na escola instituição passa por uma profunda revolução educacional.

Uma nova visão sobre o que se pretende nessa mudança deve partir primeiro sobre o modo de como se ensina, se aprende, se avalia e se compartilha e como se constrói essa relação onde todos são agentes de aprendizagem.

Precisamos deixar de ver os computadores e a internet como “coisas que chegam” e que são eles que tem efeito sobre os nossos alunos e sobre a escola. Essas ferramentas, sim eles são apenas ferramentas, que só produziram algum efeito na escola, se nos professores, que construímos a vida na escola, nos apropriarmos dela, transformando-as em recursos a favor da aprendizagem e integrando-as aos outros recursos disponíveis.

A informática educativa supõe o uso das tecnologias da informação e comunicação com intencionalidade pedagógica, integrando-as como recursos dentro do planejamento do processo de aprendizagem. Simplificando utilizar os computadores para que os alunos aprendam algo. A peça chave desse processo é a intencionalidade pedagógica com a qual se realiza a atividade.

Desta maneira, o professor aparece como o elemento chave. Ele é encarregado de fazer uso de tais recursos tecnológicos para atingir seus objetivos. Ele decidirá a hora, os conteúdos, os níveis e as possibilidades na utilização do computador, já que o professor e ele que tem a visão do processo educativo que está desenvolvendo com seus alunos,

Durante algum tempo, ouvi-se que os professores iam ser substituídos pelo computador. Isso não passa de algo sem sentido, pois diferentemente da indústria, onde a maquina substituiu o trabalhador por causa de seu trabalho repetitivo, na educação o professor não será substituído, pois o trabalho do educador é muito diferente de uma repetição mecânica ou automática.

A não ser em casos onde o professor se limita a transmitir informação e a avaliar a memória de seus alunos, nesse caso seja possível a sua substituição por uma maquina, que também pode transmitir informação e avaliar a memorização.

O professor deve assumir a inserção da tecnologia não na escola inteira, mas nas suas aulas. Para isso ele precisa de formação, apoio e acompanhamento pedagógico. Ele deve ir se apropriando progressivamente dessas tecnologias, pensando num minimalismo tecnológico onde controlar e dirigir o processo de inserção dessas ferramentas é fundamental para o sucesso do uso dos recursos.

Para que os computadores tenham o efeito que esperamos dentro da educação, é necessário que nós, que construímos o processo educativo, tiremos proveito deles, transformando-os em instrumentos a serviço de nossos fins: uma educação libertadora para aqueles setores excluídos da sociedade.

Para isso é preciso pautar as ações em fundamentos de se usar a informática dentro dos ambientes escolares. São essas ações:
* Informática a serviço da aprendizagem
* Professor ativo
* Compromisso afetivo
* Liderança do professor
* Contextualizada
* Adaptável a diferentes infra-estruturas
* integrada a sala de aula
* Equipe coordenadora comprometida
* Projeção na comunidade

Pautando nesses princípios acima a busca por uma melhor qualidade na educação, se torna palpável, pois oferece inumeráveis vantagens para fazer da escola um espaço aberto a novos conhecimentos, novos processos de ensino, a novos espaços de participação e colaboração com outras escolas, em contextos sociais e culturais diferentes.

Isso exige de nós educadores, novas habilidades para oferecer a nossos alunos novas oportunidades de aprendizagem. Para isso o professor deve tomar decisões pedagógicas acertadas com respeito a como e quando inserir a tecnologia na sala de aula. Trata-se de pensar o que queremos fazer com os nossos alunos, para depois utilizar as metodologias e os recursos para consegui-los.

Novamente citando os computadores são um meio e não um fim em si mesmo. São os recursos didáticos dentro de uma proposta de educação, que visa a formação da pessoa em todas as suas dimensões, possibilidades e capacidades para transformá-lo em dono do seu próprio desenvolvimento.

Isto nos convida a mudar o papel de transmissor de conhecimentos para o gestor de aprendizagem. A figura do transmissor de conhecimento e da importância da memorização vai perdendo força.

Trata-se, definitivamente, de ir banindo a escola enciclopédia e memorizadora para promover, com força, uma escola que ensina a aprender e ensina a pensar. Uma escola que será um pilar da construção da nova cultura requerida pelas mudanças cientificas, tecnológicas e culturais. Essa realidade, portanto exige que nós inovemos os objetivos e metodologias pedagógicas, pois diante dessas novas habilidades, a didática deve se adequar, permitindo espaços de interação com a informação, de forma critica permanente e autónoma.

Precisamos entender que escola deve ser a responsável pela formação não somente de seus estudantes, mas também de suas famílias, de professores, das pessoas em seu entorno e da comunidade de educação. Formar para integrar e consolidar diferentes possibilidades de parcerias usando para isso todos os recursos disponíveis.

Criar uma rede de conhecimento que descentralize da escola o saber. Assim, os professores podem aprender com as crianças, as famílias, com os professores, a comunidade, com as famílias e a escola, com a comunidade criando assim uma teia de saberes e conhecimentos.

Robson Freire
Coordenador do Núcleo de Tecnologia Educacional de Itaperuna – NTE Itaperuna

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