Reflexões necessárias
High-tech sem fim...
Vou fazer uma breve lista com algumas ferramentas com as quais tive contato ao longo do último ano em meu trabalho como editor do portal Planeta Educação, ou ainda como pesquisador e professor na área de Tecnologias de Informação e Comunicação em educação, lá vai: Chrome, Twitter, Moodle, Skype, Firefox, Blogger, Wordpress, Picasa, Explorer, Blip, Kazaa, E-mule, Wikies, Adsense, Flickr, Phixr, MSN, Second Life, Lively, Google Maps, YouTube, Google…
Conhecem todas elas? Penso que não. Há aquelas que são internacionalmente consolidadas e que já estão no imaginário coletivo, como por exemplo, o Google, o Explorer e o YouTube. Acessados diariamente por milhões e milhões de pessoas a cada segundo, minuto, hora... Já estão disseminados e, podemos dizer, tornaram-se onipresentes. Além delas, também em todas as máquinas estão os navegadores, com o mais popular [ainda] sendo o Internet Explorer, o preferido dos especialistas, por sua vez, é o Firefox e, para mobilizar ainda mais o mercado, surgiu o Chrome, da Google.
Outras são mais utilizadas por especialistas ou por pessoas que buscam a especialidade oferecida por elas, como no caso do Picasa, do Flickr e do Phixr [que lidam com fotografias e imagens em geral, para armazenar, difundir e/ou editar]; do e-mule ou do Kazaa [para baixar, socializar e criar arquivos musicais, filmes, propagandas...] e do Blip [monte sua rádio na web, com as músicas que gosta]; do MSN e do Skype [comunicadores instantâneos na web que substituem a telefonia convencional, com vantagens notáveis quanto ao custo]; ou ainda o Blogger, o Wordpress e também o Twitter [os dois primeiros constituem os maiores serviços de criação de blogs do mundo; o Twitter é uma reinvenção dos blogs e se caracteriza pela limitação de palavras que um indivíduo pode escrever].
As Wikis criaram uma nova forma de construir sites na web, colaboracionista e coletiva. O AdSense é o mecanismo de publicidade bolado pelo Google para divulgar produtos de todos os nichos, de acordo com as preferências reveladas pelos internautas, dando espaço privilegiado tanto para as grandes quanto para as pequenas e médias empresas. Através do Google Maps [ou equivalentes], podemos encontrar localidades, empresas, traçar rotas, ir até ao fundo do mar, ver uma cidade através de webcams... O Second Life e o Lively [também do Google], por sua vez, criam a web 3D, em que vivemos vidas paralelas através de personagens criados por nós mesmos chamados na internet de avatares. Com eles podemos estudar, comprar, namorar, viajar, voar, fazer amigos, participar de festas... Tudo no universo virtual...
Todas estas ferramentas, conjuntamente, estão construindo o conceito que irá prevalecer em poucos anos [ou meses] para o mundo virtual, chamado por Nicholas Carr de Supercomputador e por Eric Schmidt [CEO do Google] de Internet nas Nuvens. Em que consiste? Na idéia de que tudo o que hoje reside nos computadores que estão a nossa frente, em suas memórias residentes, passará a ser guardado em gigantescos bancos de dados gratuitos oferecidos por empresas como o Google e que nem ao menos saberemos onde estão... Não é o futuro, já está em curso...
Homo Zappiens... Evoluindo?
Lembra das aulas de história em que o professor apresentava para os alunos a evolução dos seres humanos - Neanderthal, Cro-Magnon, Pitecantropus? E depois ainda trabalhava as diferentes eras pré-históricas, como a idade da pedra [lascada e polida], dos metais, o advento da agricultura e da pecuária... Tudo terminava [me refiro aqui a Pré-História] com o surgimento da escrita e o advento da História propriamente dita, com os Homo Sapiens...
Os tempos atuais também estão promovendo uma modificação de caráter evolucionário - estamos passando de Homo Sapiens para Homo Zappiens... Não sou o criador desse conceito e ele se relaciona diretamente a outra idéia importante quanto à humanidade no século XXI, a dos Multitaskers... Estou lendo um livro cujo título é justamente esse, ou seja, "Homo Zappiens - Educando na Era Digital", de Win Veen e Ben Vrakking, publicado no Brasil pela Artmed.
Os autores defendem a idéia de que a partir do advento de todas estas tecnologias e, principalmente da internet, ocorrendo ainda a convergência delas, iremos zappear constantemente pela web, de um lado para o outro, lendo com o canto dos olhos, ao mesmo tempo ouvindo músicas, assistindo vídeos no YouTube [ou similares], conversando com amigos pelo MSN, freqüentando comunidades virtuais...
O problema, como nos diz outro autor, Nicholas Carr, é que, com tudo isso, estamos perdendo a capacidade de refletir com profundidade, estamos nos tornando superficiais... Aonde iremos parar?
Sobre a Inteligência Artificial
“Eric Schmidt disse que o produto supremo da companhia [Google], aquele que ele ‘sempre quis fabricar’, não esperaria para responder suas perguntas; ele ‘me diria o que digitar’. Em outras palavras, ele daria uma resposta sem ouvir a pergunta. O produto seria uma inteligência artificial. Poderia ser até, citando Sergey Brin mais uma vez, ‘um cérebro artificial mais inteligente que o nosso’.” [A Grande Mudança – Reconectando o mundo, de Thomas Edison ao Google. Livro de Nicholas Carr. Publicado no Brasil pela Landscape]
Você se lembra de Hal, o computador que endoidece e tenta matar os astronautas na obra-prima de Stanley Kubrick, “2001, Uma Odisséia no Espaço”? Ou ainda, quem consegue esquecer “A. I. – Inteligência Artificial”, filme feito por Steven Spielberg? Bem, o que parecia ser algo distante de nós está sendo pensado pelo Google e por outras companhias da área de Tecnologia como o futuro. A idéia é criar algo tão grandioso que seja capaz de prever o que queremos, pensamos, desejamos... E isto, de certa forma, já está acontecendo… na Web.
Sempre que você deixa algum rastro [na internet] isto está sendo utilizado para alimentar um supercomputador como uma informação sobre você, para ser usada na web e em outros mundos, inclusive no real. Todo o site que você visita e, ao passar por eles, deixa comentários, informações pessoais ou ainda compra produtos estão sendo utilizados nesse exato momento para fazer com que outras pessoas, em qualquer lugar do mundo, descubram quem você é, onde vive, seu trabalho e profissão, os gostos que tem, esportes que pratica, filmes que ama ou odeia, músicas instaladas em seu computador...
Este gigantesco supercomputador, que é responsável por um cada vez maior uso de energia em todas as partes do mundo, está fazendo com que percamos completamente nossa privacidade [entre outras coisas...]. O mais impressionante nisso é que nós nem estamos prestando atenção ao fato ou, ainda, que bilhões de usuários de computadores do mundo inteiro nem mesmo imaginam que essa apropriação indébita está ocorrendo... Nós devemos abrir os nossos olhos o máximo que pudermos, somente para lembrar outro filme de Stanley Kubrick...
Telecocooning...
Lembram-se do filme Coocon, sucesso no final dos anos 1980? Pois é, talvez ao se lembrar um pouco da história você consiga associar o termo Telecocooning com aquela produção cinematográfica... A palavra Coocon significa casulo e a sua associação ao termo Tele tem relação direta com as Tecnologias de Informação e Comunicação, do computador e da Internet chegando até o telefone celular...
E que história é essa? Telecocooning é um fenômeno que já é verificado em várias partes do mundo e que ocorre da seguinte forma, pessoas que vivem a distância e que muitas vezes só se conhecem através das tecnologias passam o dia inteiro juntas utilizando-se de seus equipamentos de trabalho, entretenimento e comunicação. No Japão, por exemplo, isso já está acontecendo com grande freqüência entre os jovens e adolescentes. Eles criam amizades através de redes virtuais [como o Orkut ou o MySpace] e passam a se comunicar através do MSN, de torpedos, do Skype, da própria telefonia celular ou através de qualquer outro meio que lhes permita estar em contato direto um com o outro pelas linhas de comunicações digitais.
E por que há essa associação com casulos? Porque muitas dessas pessoas estão abrindo mão de suas vidas pessoais presenciais em prol de contatos quase que exclusivamente digitais... Mal se comunicam com familiares, não criam laços reais de amizade com pessoas em suas escolas ou empregos, tem alguma resistência a contatos físicos, não conseguem estabelecer relações amorosas ou íntimas no contexto em que vivem... É, talvez eu esteja mesmo me tornando um dinossauro...
João Luís de Almeida Machado Editor do Portal Planeta Educação; Doutorando em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).
Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=1333
Um comentário:
olá, parece ser verdadeiro, mas a interação pessoal deve ocorrer, é significante a alteração do que se intitula contacto.
As pessoas que trabalham mas não se conhecem devem fazer o possível para que esta oportunidade ocorra.
A palavra de ordem deve ser relacionamento, visual, virtual e verídico.
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