O computador, no entanto, já vem mudando isto. Se não completamente, muitas faces da educação deverão experimentar profundas mudanças com a introdução de tecnologias que prometem aproximar professores e alunos e oferecer um ambiente livre para que crianças e adolescentes tenham prazer em aprender.
Se não são todas as escolas que contam com micros em sala, muitas oferecem aulas tão multimídia quanto com mordomia ainda maior: o uso das lousas eletrônicas.
Em vez de apenas servir de base para os rabiscos de giz, as lousas eletrônicas oferecidas por empresas como Scheiner e ImagingMart são usadas para que professores e alunos interajam, por meio de canetas especiais, com o conteúdo projetado.
Além da interatividade, é possível conectar o aparelho ao computador, pois a maioria dos modelos tem portas USB, para que o documento criado na aula seja oferecido aos alunos pela internet, caso o professor tenha gostado do resultado final.
Mesmo com as vantagens, imaginar que lousas eletrônicas substituirão as convencionais em médio prazo ainda não passa de devaneio e até mesmo colégios “ricos” esbarram na questão do preço. Os modelos mais em conta saem, em média, por 10 mil reais, sem contar o custo de um projetor.
Para não depender dos modelos mais sofisticados e ainda manter seu projeto de equipar todas as salas, o Bandeirantes, colégio de São Paulo, vem implantando o sistema eBam, que digitaliza conteúdos escritos em quadros convencionais e pode transferi-los para computadores.
Atualmente, metade das lousas do colégio já são digitalizadas pelo sistema, com planos de integrá-la a todas as salas.
A maioria dos colégios ricos de São Paulo, porém, ainda emprega a lousa eletrônica apenas em aulas onde o apelo multimídia é também disponível para os alunos, o que explica a presença dos equipamentos em laboratórios de informática tanto do Dante Alighieri, como do Visconde de Porto Seguro, tradicionais escolas de São Paulo.
Robôs
Trazer a informática para as aulas diárias dos alunos não resvala necessariamente apenas em computadores. Entre as novidades incorporadas pelo Dante Alighieri para sofisticar o ensino de determinadas matérias, nenhuma soa mais tecnológica que a aula de robótica, usada em colégios mais pelos fatores lúdicos e de socialização.
"Ainda que estenda aulas de física ensinando crianças a dominar máquinas automatizadas, a robótica tem um grande valor social, já que a criança exercita conceitos de liderança e sociabilidade", explica Valdenice Minatel, coordenadora de tecnologia educacional do Dante Alighieri.
Não pense que as aulas de robóticas são ministradas com equipamentos usados em laboratórios de pesquisa convencionais. Voltados para crianças a partir dos nove anos de idade, os kits de desenvolvimento de empresas como Lego e K´Nex apelam para o lado lúdico, com peças coloridas que remetem a formas conhecidas, como carros e aviões.
Mesmo a programação pelos produtos é adaptada pelos pequenos, com muitas linhas de códigos simplificadas e a presença de interfaces gráficas que apelam para o sistema "arrastar-e-colar" na hora de definir as atitudes que o robô primitivo terá, como andar para frente, rodar ou levantar os braços.
“Caso o aluno se sinta a vontade”, explica Minatel, “podemos ensiná-lo os primeiros passos na linguagem Basic para que o robô seja programado para executar movimentos que os kits originalmente não prevêem.”
A procura pelo curso, também ministrado fora do horário letivo, aumentou tanto que o Porto Seguro planeja integrar a robótica como aula obrigatória para todas as classes entre a 1ª e a 7ª séries. Ainda em processo de implementação, o Santa Cruz segue o mesmo caminho da obrigatoriedade.
Mas como podem os robozinhos que exemplificam roldanas, alavancas e engrenagens ajudar crianças que ainda nem estudam física separadamente de outras ciências, como biologia e química?
A coordenadora de informática educacional do Porto Seguro, Ivone Sotelo, cita que, entre crianças de até 10 anos de idade, a robótica é encarada não como aula, mas sim como uma grande brincadeira. "Com a presença das peças grandes e coloridas que exercitam a criatividade, já presenciei alunos dizendo que não estudam, mas brincam quando estão na aula.”
"Temos muitos problemas em fazer que o aluno fixe um conteúdo que não vivencia e o problema da física é ficar muito na imaginação. Quem faz robótica coloca em prática o conceito", argumenta Ana Valéria Be Luca, coordenadora de informática computacional do Mackenzie. "Além de incentivar a criatividade com o uso de sucata no robô".
Notebooks e gadgets
Se desktops já são realidade nos colégios ricos, notebooks começam aos poucos a aparecer como opção de mobilidade para alunos e professores.
O Santa Cruz já utiliza notebooks convencionais para que estudantes e professores não precisem ficar presos nos laboratórios.
"Atualmente, apenas a biblioteca tem redes sem fio para o uso de notebooks. Mas, dentro dos três anos, temos planos de cobrir todo o colégio com sinal sem fio e começar a utilizar os portáteis em aulas convencionais", revela Zylbersztajn, citando a mesma pedagogia aplicada para desktops.
A iniciativa faz parte do plano de "ampliar" a biblioteca para todo o espaço do colégio por meio do sinal ou, como o pedagogo define, "de derrubar as paredes entre a biblioteca e os laboratórios de informática para a formação de um único centro de conhecimento".
Com o sinal Wi-Fi aberto, alunos poderão também consultar notas e se comunicar com professores por meio de seus próprios celulares inteligentes (smartphones), que não é difícil de encontrar entre os alunos de classes bem abastadas do colégio no Alto de Pinheiros, em São Paulo.
Apertado em um quarteirão no Paraíso, bairro de São Paulo, o Bandeirantes também já tem notebooks disponíveis para alunos, mas por uma questão mais física do que de mobilidade.
"Precisávamos de mais um laboratório, mas tínhamos pouco espaço", esclarece Assumpção, que ainda afirma que os 25 portáteis ainda não têm projeto definido para adentrarem a grade curricular do colégio.
A crescente presença de tecnologia das escolas também serve muito bem a pais e professores. A constante presença de máquinas nas salas de aula permite que professores atualizem calendários de provas e trabalhos, notas e faltas em tempo real em sistemas online que, para azar dos alunos, podem ser acessado por seus pais.
"Não é um sistema de punição, mas de acompanhamento para que o pai saiba exatamente o que ocorre ao filho, já que é ele quem paga o colégio", explica Mário Abbondati, coordenador de tecnologia na educação do Bandeirantes.
Caso ele decida matar aula para comer pastel com os amigos, por exemplo, o professor registra sua falta dentro da sala no sistema, que dispara um e-mail para os pais alertando sobre uma modificação na freqüência do aluno.
O mesmo fator "tempo real" que monitora os alunos, porém, pode ser explorado por outra tecnologia para que professores sintam como anda o conhecimento da classe em determinado assunto e direcione as aulas seguintes para as áreas com aprendizado deficiente.
É o que faz o Classroom Performance System, da einstruction, usado no Bandeirantes. Cada aluno na classe ganha uma espécie de controle remoto com botões que terão relação com perguntas sobre a matéria projetadas na lousa.
A "votação" dos alunos é transformada em resultado (com direito a gráficos comparativos) assim que acaba pode ser interpretada pelo professor para reforços em determinado assunto, o que confere uma interatividade à aula que, ignorada no método tradicional que se apóia apenas em livros e cadernos, podia esconder problemas de aprendizado da classe.
Fonte: http://idgnow.uol.com.br/computacao_pessoal/2007/04/30/idgnoticia.2007-04-30.1194679632/
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