7 de fev. de 2011

Escola Conectada X Professor Desplugado

Por Robson Freire - @robsongfreire

Muito se fala sobre o papel do professor moderno diante das novas tecnologias e ainda há pessoas que achem que ele não mudou. O papel do professor moderno hoje é o de inspirar a inovação, o aprendizado por meio da experimentação, onde o aluno é levado a pensar e a criar suas próprias soluções.

O professor deve parar de se preocupar em gerir, administrar conteúdos estáticos, isolados ou muitas das vezes descontextualizados da realidade do aluno/comunidade e se preocupar em gerar aprendizado e inovação tornando palpável aquilo que ele ensina. Uma excelente opção são os Recursos Educacionais Abertos - REA. O projeto REA-Br é um dos primeiros projetos no Brasil que tenta apropriar à realidade e às perspectivas brasileiras a discussão internacional acerca dos Recursos Educacionais Abertos (REA) e da educação Aberta.


O conteúdo de informações gerado hoje em dia ao qual o aluno é exposto diariamente ultrapassa todos os limites imagináveis e o professor é quem deve saber como ajudá-lo a transformar informação em conhecimento/aprendizado.

Mas como fazer isso?

Ouvindo
Trocando
Experimentando

Muitos professores perderam a capacidade de ouvir o que o aluno fala /diz, ele apenas se preocupa com o que o aluno vai responder, sem questionar de preferência, para que sua “missão” seja cumprida, ou seu conteúdo seja aplicado.

Muitos professores adoram controlar, ou seja, eles precisam de previsibilidade. Aluno não gosta de previsibilidade. Para o professor se ele “afrouxar” demais, se liberar demais ele perde o controle, mas o aluno gosta de sentir que caminha junto, que pode ser um parceiro de aprendizagem. Para eles respeito passa longe de autoritarismo.

Estamos propensos a achar que já vimos de tudo, quando na verdade ainda não vimos nada. Não demos conta ainda de todo potencial da internet e seus limites e possibilidades educacionais. Bendito seja quem abriu o portão da escola para a tecnologia.

Trazer a tecnologia para a sala de aula implica repensar o papel do professor e, além dele, o próprio papel da escola com sugere Sir Ken Robinson em sua inspiradora palestra, de simples transmissora de conhecimento para produtora de conhecimento, que fala também sobre nossas práticas escolares, principalmente aquelas relacionadas à alfabetização e aos múltiplos letramentos


E inegável que as tecnologias despertam a atenção de toa uma geração de crianças e jovens, plugados desde o útero ao mundo digital (as famosas Geração Y e Geração Z) e para os professores (muitos deles da geração Baby Boomers) imigrantes digitais clássicos isso acaba se tornando um imenso e intransponível muro.

Diante dessas mudanças promovidas na sociedade pela introdução desse avanço tecnológico como promover a mudança da escola e como preparar o professor/educador para a nova realidade em sala de aula?

Praticas colaborativas e interativas abertas devem fazer parte do uso pedagógico da tecnologia em sala de aula. A incorporação efetiva do uso de novas tecnologias é sim integrar a escola a essa nova realidade.

Manter a escola longe desta realidade tende a confirmar o que disse Win Veen em seu livro (link), com o seu conceito de Homo Zappiens que são crianças e jovens que cresceram em meio ao uso intensivo das tecnologias. Ele sustenta que os alunos destas gerações (Y e Z) , ao perceberem a escola como uma instituição apartada do seu mundo tende a considera-la irrelevante/obsoleta.



Essas gerações aprendem desde cedo a lidar com informações descontinuadas sejam elas no computador, no game ele sabe mesclar comunidades reais e virtuais e busca estratégias, por vezes com a colaboração de outros participantes, para categorizar e resolver problemas, além de adquirir outras habilidades metagognitivas.

Muito das questões de indisciplina ou do comportamento hiperativo e de motivação dos alunos hoje nas salas de aula é fruto/reflexo na verdade de um enorme descompasso, ou seja, um gigantesco conflito de gerações. Para alunos dessas gerações, entrar na sala de aula é como entrar num avião: você precisa ficar preso a uma cadeira o tempo todo e com seus eletrônicos todos desligados.

Com uma aula interativa, eles podem participar ativamente da aula, onde em meio às novas competências e habilidades, como o uso de das comunicações digitais, o pensamento critico e a capacidade de lidar com a sobrecarga de informações, também há lugar para as disciplinas e competências tradicionais.

Estabelecer as relações entre didática novas tecnologias apontam para a que o aprendizado se torne mais eficiente, atraente e os professores ganhem novas formas de trabalhar o conteúdo curricular. Isso pressupõe um olhar mais apurado/crítico sobre os diferentes recursos tecnológicos e o conhecimento de suas potencialidades e limitações.

Nesse universo a interatividade e práticas colaborativas ganham espaço, desenvolvendo a um só tempo o espírito de colaboração e de autonomia necessários para a formação de um aluno crítico e tecnologicamente incluído.

Existe hoje no Brasil um pensamento recorrente de que educação inovadora é apenas um projeto tecnologia. Essa ideia hoje, praticada aqui e em muitos países do mundo, basta levar materiais digitais interativos (quadros, notebooks, tablets, celular, etc...) para a sala de aula, de modo que eles sejam instrumentos de trabalho para o desenvolvimento do currículo.

O fato de se treinar professores em cursos intensivos e de se colocar equipamentos nas escolas não significa que as novas tecnologias serão usadas para melhoria da qualidade do ensino. Em escolas informatizadas, tanto públicas como particulares, tenho observado formas de uso que chamo de inovação conservadora, quando uma ferramenta cara é utilizada para realizar tarefas que poderiam ser feitas, de modo satisfatório, por equipamentos mais simples (atualmente, usos do computador para tarefas que poderiam ser feitas por gravadores, retroprojetores, copiadoras, livros, até mesmo lápis e papel). São aplicações da tecnologia que não exploram os recursos únicos da ferramenta e não mexem qualitativamente com a rotina da escola, do professor ou do aluno, aparentando mudanças substantivas, quando na realidade apenas mudam-se aparências.

Nem tudo são flores na transição da escola analógica para a escola digital. Alguns temem que, ao acompanhar o ritmo acelerado do mundo tecnológico e globalizado, a educação fique empobrecida, refém da informação instantânea e de leituras apressadas que levam ao reducionismo.

O que falta hoje é garantir ao professor/educador condições de trabalhar efetivamente com essas ferramentas. Isso quer dizer que ter a tecnologia na sala de aula significa também ter tempo para estudar, para se preparar adequadamente.

E preciso levar em conta que dominar a tecnologia não significa saber fazer uso pedagógico dela, daí a importância de políticas publica que garantam aos professores/educadores esse processo de formação continuada. Nesse gigantesco mosaico educacional e tecnológico a participação de todos é fundamental para o sucesso da implantação de uma nova escola e de um professor que saiba fazer uso efetivo desses novos recursos tecnológicos e educacionais.

Um comentário:

Unknown disse...


Diante as inovações tecnológicas, vejo que nem sempre as escolas estão preparadas para receber essa injeção de tecnologias, as vezes ocorre o contrário é o próprio professor quem demonstra resistência em aceitar o novo. Vemos que ambas as partes muitas vezes emperra o processo e deixam de avançar em prol de um futuro promissor na área educacional.

Precisamos olhar o mundo de um outro ângulo, devemos colocar novas lentes, para que consigamos ver as várias possibilidades e recriarmos em cima dessa realidade hoje presenciada pelos alunos, professores, educadores, enfim todos que de alguma forma contribuem com a Educação no país.