Wilson Azevedo - Aquifolium Educacional
Área temática: Inclusão Digital
A combinação do avanço da inclusão educacional com a inclusão digital representa um novo desafio para a Educação Online no Brasil, desafio este que precisa ser identificado, percebido e considerado no planejamento atual e futuro, de curto e médio prazo, pelas instituições de ensino. Nos primeiros 10 anos desde a implantação do acesso comercial à Internet no Brasil (1995-2005) instituições se prepararam para atender a uma elite com mais alto poder aquisitivo, que dispõe de conexões de mais alta velocidade e de computadores mais possantes. Porém estes 10 anos seguintes (2005-2015) evidenciam uma nova onda de expansão que levará a uma alteração significativa no perfil do usuário da Internet e da Educação Online no Brasil, de modo que em algum ponto daqui até 2015 passemos a ter, entre estes usuários, uma maioria de pessoas dos segmentos de médio e médio inferior poder aquisitivo, dispondo de computadores mais limitados e conexões mais lentas. Se na primeira onda, dos primeiros 10 anos, as instituições de ensino orientaram o desenvolvimento de recursos tecnológicos oferecidos para uma clientela mais abastada na direção da sofisticação, nesta segunda onda a prudência recomenda que a palavra de ordem seja "simplificar".
É neste contexto que o Princípio da Parcimônia enunciado por Tiffin e Rajasingham bem como o Minimalismo Tecnológico defendido por Berge e Collins ganham relevância e apontam caminhos ainda não experimentados no desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem para a Educação Online no Brasil. A presente comunicação pretende explorar a aplicação destes princípios à realidade brasileira atual e futura, sugerindo outras formas de encaminhar a organização destes ambientes de modo a favorecer um cada vez maior número de pessoas que passarão a, nos próximos anos, dispor de acesso ao ensino superior a distância online no Brasil.
Uma segunda onda de expansão da Internet: a vez dos mais pobres
Em maio de 1995 a Embratel inaugurou a operação comercial da Internet no Brasil. Até ali restrita ao ambiente acadêmico e a algumas poucas ONGs, a Internet passou a ser, a partir de então, acessada cada vez mais pelo cidadão comum. No primeiro decênio (1995-2005) o acesso à Internet expandiu-se sobretudo nas classes A e B, o que fez o número de usuários passar de pouco mais de um milhão no primeiro ano para cerca de 25 milhões em 2005 – uma explosão de mais de 2.000% de crescimento em apenas 10 anos.
Este primeiro ciclo de crescimento concentrou-se nos segmentos de maior poder aquisitivo. No ano 2000, por exemplo, pesquisa conduzida pelo MediaMetrix detectava que apenas 16% dos usuários de Internet no Brasil pertenciam aos segmentos C e D.
Porém, neste segundo decênio (2005-2015) um novo movimento começa a se fazer sentir, sugerindo que uma nova onda de crescimento da Internet está para acontecer nas classes C, D e E. As duas primeiras versões da pesquisa “TIC Domicílios e Usuários”, conduzidas pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil respectivamente em agosto/setembro de 2005 e em julho/agosto de 2006 mostram que o percentual de domicílios com acesso à Internet estabilizou-se na classe A, apresenta um ligeiro crescimento na classe B, mas, pela primeira vez desde o início da operação comercial da Internet no Brasil, começa a crescer significativamente nas classes C, D e E. Em 2005 10,9% dos domicílios de classe C e 0,87 das classes D/E possuíam acesso à Internet. Em 2006 estes percentuais passaram respectivamente a 12,1% e 1,61% — e isto num período de apenas um ano.
Alguns fatores estão contribuindo para este crescimento nesta faixa de poder aquisitivo. A queda do dólar, a redução de impostos e as facilidades de financiamento, que permitem que hoje um computador popular possa ser adquirido em prestações de menos de R$50,00, estariam levando este consumidor de baixa renda, que antes já havia sido responsável pela incrível expansão da telefonia celular, a comprar o primeiro computador da casa e, com uma linha telefônica fixa, agora também para ele mais acessível, conectá-lo à Internet.
No mundo todo, entre meados da década passada e meados desta década, a Internet cresceu num ritmo intenso, em alguns momentos dobrando o número de usuários de um ano para outro. Depois de 10 anos o crescimento a princípio contínuo e rápido parece estar se estabilizando num ritmo mais suave. Nestes 10 anos a Internet se expandiu entre os mais ricos. O fenômeno que se desenha para o futuro próximo no Brasil pode apontar para algo de dimensões globais: se foram os mais ricos os responsáveis pela primeira onda de expansão, uma segunda onda parece estar agora se formando no cenário mundial, talvez uma verdadeira “tsunami” integrada por milhões de pobres ou “menos ricos” que nos próximos anos passarão a acessar a Internet especialmente nos países em desenvolvimento.
Ao mesmo tempo em que a expansão da banda larga no Brasil começa a dar sinais de enfraquecimento, os indicadores acima apontam para uma expansão do acesso discado, em mais baixa velocidade. Considerando-se o perfil sócio-econômico da população brasileira, em que a maior parte se encontra na faixa de menor poder aquisitivo, em algum momento deste decênio (2005-2015) o número de usuários das classes C, D e E, acessando a Internet em conexões discadas, por meio de linhas telefônicas fixas, com mais baixas taxas de transmissão de dados, poderá ultrapassar a metade do total de usuários. A Internet brasileira caminha, nos próximos anos, para ser majoritariamente freqüentada por usuários de baixa renda usando tecnologia e conexões mais limitadas.
Uma segunda onda de expansão da Educação a Distância: impactos sobre o ensino superior exclusivamente presencial
Historicamente a Educação a Distância (EaD) no Brasil sempre foi usada para atender de forma supletiva as lacunas do ensino presencial convencional de nível básico ou profissionalizante. Desde as primeiras iniciativas do começo do século passado, como as de Roquete Pinto, através do rádio, passando pelos cursos profissionalizantes por correspondência, como os dos Institutos Monitor e Universal Brasileiro, até os telecursos pela TV, como o Telecurso 2000, da Fundação Roberto Marinho, o principal público da Educação a Distância sempre foi composto por excluídos do sistema educacional convencional, pessoas que não tiveram na infância e adolescência acesso à escola ou que dela se evadiram sem concluir sua formação básica ou profissional. A Educação a Distância sempre funcionou aqui como uma espécie de “estepe” do ensino, a que se recorre apenas quando os recursos principais não funcionam.
Ao longo dos anos 90 do século passado, porém, surge uma nova “onda” da Educação a Distância, uma espécie de “Educação a Distância de elite”, oferecida sobretudo através de redes informatizadas em empresas e na Internet, mas também através de videoconferência, teleconferência, CD-ROM e material impresso distribuído pelos correios. Em empresas a chamada Educação Corporativa começa a utilizar cada vez mais tecnologias da informação e da comunicação e uma nova área de atuação profissional e comercial se desenvolve, referida freqüentemente pela designação e-learning. No meio acadêmico, ao longo dos anos 90 começam a aparecer os primeiros cursos superiores a distância, de extensão, de graduação e de pós-graduação (lato sensu, como especializações e MBAs). Entre 2003 e 2004, segundo o INEP, houve no ensino superior em geral um crescimento de 8% e entre 2004 e 2005, de 7,5%, enquanto que no ensino superior a distância as taxas de crescimento no mesmo período estiveram em torno dos 100% ao ano...
O ensino semipresencial vem crescendo ano a ano, acompanhando o crescimento da Educação a Distância. Não é mais uma fantasia imaginar que em alguns anos os alunos de cursos exclusivamente presenciais serão minoria nas instituições de ensino superior. Desenha-se no horizonte uma clara tendência que aponta para o gradativo encolhimento até o quase desaparecimento de um modelo que foi amplamente majoritário no ensino superior: o do ensino absoluta, total e exclusivamente presencial, substituído a partir dos anos mais recentes pela educação parcial ou totalmente a distância.
Quando olhamos para o perfil sócio-econômico do estudante de nível superior, percebemos que nestes últimos 10 a 15 anos um contingente cada vez maior de oriundos das classes C, D e E vem chegando à universidade, num processo contínuo e crescente de inclusão no ensino superior que tende a prosseguir e ser sustentado por mais tempo. Assim, para estes próximos anos desenha-se no horizonte um cenário parecido com o que vimos há pouco com relação ao acesso à Internet: um número cada vez maior de representantes das camadas de menor poder aquisitivo chegando ao ensino superior que, por sua vez, tende a cada vez mais incorporar a educação a distância, sobretudo a educação online, via Internet. Se juntarmos estas duas pontas, a da expansão da Internet com a da expansão do ensino superior parcial ou totalmente a distância, perceberemos uma coincidência de foco nas classes C, D e E que nos dá uma perspectiva clara com relação ao futuro e com respeito aos desafios que este futuro nos coloca hoje. Precisamos nos preparar hoje para atender um grande contingente de alunos de mais baixo poder aquisitivo em cursos ou semipresenciais ou totalmente a distância, dispondo de acesso à Internet em computadores mais simples, menos sofisticados, e em conexões mais lentas, sobretudo discadas.
Tecnologias para Educação a Distância: um futuro inesperado
Quando comparamos um LMS (Learning Management System) ou um material didático online oferecido em meados dos anos 90 com um atual percebemos uma nítida tendência à complexificação e à sofisticação. Em especial durante os últimos 5 anos desenvolvedores de serviços e produtos para a Educação a Distância e para o chamado e-learning se prepararam para oferecer recursos, serviços e produtos dentro de um cenário de abundância tecnológica: processadores mais poderosos, maior capacidade de memória, conexões em mais alta velocidade. Com o passar dos anos, sistemas cada vez mais complexos foram desenvolvidos, oferecendo recursos cada vez mais sofisticados, que exigem requisitos tecnológicos mínimos cada vez mais elevados. A indústria do e-learning preparou-se para atender à demanda inicial, advinda da primeira onda de crescimento da Internet e da educação: a dos usuários e clientes mais ricos.
Especialmente no Brasil o mercado desenvolvedor encontra-se agora, nesta virada do primeiro para o segundo decênio da Internet no país, numa desconfortável posição de descompasso e desencontro com relação às condições e às necessidades daqueles que dentro de pouco tempo tornar-se-ão maioria entre os usuários de Internet e da educação em diversos níveis e modalidades (superior, profissional, empreendedora e continuada): os menos ricos e os mais pobres, que usarão equipamentos menos sofisticados, mais simples, com menos recursos e em conexões menos velozes. Neste momento é necessário e urgente reorientar o desenvolvimento de produtos e serviços para a Educação a Distância e o e-learning mais adequados a condições mais restritas de hardware e de conectividade. Por este futuro o desenvolvedor não esperava, não está para ele preparado e nem procurou para ele se preparar. Em lugar de complexificar e sofisticar, um dos grandes desafios para os próximos anos consistirá em simplificar e descomplicar a tecnologia para a Educação a Distância.
Lições da história da Educação Online: minimalismo tecnológico e parcimônia na seleção de recursos
Mas não são apenas o cenário atual e as tendências para o futuro que apontam para isto: também as lições do passado, aprendidas pelos pioneiros da Educação Online, indicam o mesmo rumo da simplicidade tecnológica como um caminho para a excelência em educação a distância online.
Por 10 anos Sir John Daniel, que até pouco tempo era diretor de Educação da UNESCO, foi reitor da Open University britânica, uma das maiores e mais bem conceituadas universidades especializadas em ensino superior a distância do mundo, justamente no período em que esta buscou incorporar mais recursos online a seu tradicional e por 3 décadas testado e aprovado mix tecnológico. Em julho de 2001 a revista The Chronicle of Higher Education lhe perguntou qual a principal lição aprendida neste período. Daniel respondeu com um artigo que tem o seguinte título: “Lessons from the Open University: low-tech learning often works best”. Nele informa que de todas as tecnologias que a universidade foi implantando e colocando à disposição ao longo de uma década, os alunos preferiam sempre as mais simples, a “baixa tecnologia”.
Outro pioneiro da Educação Online, com quase duas décadas de experiência em Educação Corporativa Online, Zane Berge, expôs em dois trabalhos, o primeiro de 1994 e o segundo em fins do ano 2000, o princípio a que denominou “Minimalismo Tecnológico”, para orientar a seleção de tecnologias para a Educação a Distância. Citando outra pioneira e companheira de trabalho, Mauri Collins, Berge explica que o minimalismo tecnológico pode ser definido como “o uso de níveis mínimos de tecnologia, cuidadosamente escolhida com atenção precisa para com suas vantagens e limitações, em apoio a objetivos educacionais bem definidos”. De sua larga experiência Berge aprendeu que os melhores resultados são colhidos quando se opta pelo caminho da simplicidade tecnológica e, inversamente, as maiores dificuldades e os maiores obstáculos estarão no caminho dos que optam pela complexidade e sofisticação tecnológicas. Afirma Berge:
Quanto mais sinos e apitos tem uma tecnologia, mais caro e complexo o equipamento necessário, maiores as limitações de acesso para o aluno, maiores as exigências de tempo e viagem (por exemplo para pontos de videoconferência) mais amplo o suporte técnico necessário e maiores as chances de falhas do equipamento.
Mesmo em condições de abundância tecnológica, ainda que recursos mais avançados de hardware e de conectividade estejam disponíveis, a opção minimalista por tecnologia mais simples mostra-se pedagogicamente mais adequada e produtiva. Esta também é a conclusão a que chegaram John Tiffin e Lalita Rajasingham, autores do premiado livro “In Search of the Virtual Class”, atuando na Nova Zelândia com Educação a Distância e Educação Online desde os anos 70. Com base numa interessante experiência de TV Educativa no México no inicio dos anos 70, em que uma região de sombra de recepção de imagem apresentou resultados tão superiores que se destacaram no panorama nacional da experiência, eles concluíram que os objetivos pedagógicos devem levar a uma seleção muito precisa de um mix de recursos, evitando a dispersão e favorecendo a concentração da atenção do aluno. O pressuposto de que quanto maior a variedade de recursos melhor a aprendizagem não tem a menor fundamentação nem psicológica e nem pedagógica. Propõem assim eles o “princípio da parcimônia”:
"O princípio da parcimônia em design instrucional torna-se crítico quando usamos realidade virtual em educação. Esta possui um potencial bem maior que o da TV de prover informação em múltiplos canais e em inundar os sentidos. Se usada tão indiscrimadamente quanto a TV educativa, seu impacto pode ser negativo".
Materiais, ambientes e sistemas minimalistas para a Educação a Distância
De um lado o passado recomenda: “baixa tecnologia”, tecnologia simples, é o que funciona melhor. De outro lado o presente e o futuro exigem: mais simplicidade tecnológica favorecerá o usuário/aluno de mais baixo poder aquisitivo, tornando a educação online mais acessível a um maior número de pessoas.
Ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), também conhecidos como LMS (Learning Management System), e materiais didáticos em formato digital estão sendo amplamente usados em apoio ao ensino e à aprendizagem online. São materiais, sistemas ou ambientes que tornam possíveis as duas formas básicas de interação que embasam a aprendizagem: a interação com conteúdos instrucionais e a interação individual e/ou coletiva com professores e outros alunos. Nos últimos anos estes ambientes ou sistemas foram se tornando cada vez mais complexos e sofisticados. Mas agora e no futuro precisamos e precisaremos de materiais e AVAs/LMSs mais simples, orientados pelos princípios do minimalismo tecnológico e da parcimônia.
Um material didático, AVA ou LMS minimalista representa uma inversão na própria concepção e projeto deste tipo de recurso/sistema. Até aqui desenvolvedores se preocupam em incluir o máximo de recursos tecnológicos e funcionalidades. Por padrão, um LMS convencional se instala com dezenas de funcionalidades e opções, cabendo aos gestores e educadores desativar os recursos que não serão usados porque não serão necessários. É preciso inverter esta lógica. Um AVA ou LMS minimalista se instalaria com uma configuração mínima, com recursos mínimos. Caso outros recursos sejam necessários, eles deveriam ser acrescentados como “plug-ins”, sempre lembrando o princípio da parcimônia, somente em caso de real necessidade.
Um material didático digital, LMS ou AVA minimalista deve permitir ser facilmente acessado com qualquer configuração de hardware, mais limitada ou mais sofisticada, e em qualquer largura de banda, mais estreita ou mais larga. Usuários de conexões discadas e banda estreita, que logo serão maioria na Internet no Brasil, deverão se sentir confortáveis com estes materiais, ambientes e sistemas, assim como usuários de computadores menos potentes e menos velozes. Excessos deverão ser eliminados ou minimizados nas interfaces destes materiais e ambientes, como por exemplo o uso de recursos em JavaScript, Java, Flash, Active X ou outros que acarretem requisitos mínimos de hardware e conectividade em patamares mais elevados.
Uma especial atenção deverá ser dada às ferramentas e funcionalidades para a colaboração e a interação coletiva assíncrona. Um LMS/AVA convencional exige que o usuário permaneça conectado por longos períodos para navegar no conteúdo do material didático e para ler e responder mensagens em fóruns de discussão. O material didático deverá ser simplificado e possibilitar a leitura e navegação off-line. E o espaço virtual de discussão assíncrona, considerado por muitos pioneiros da Educação Online, como a canadense Linda Harasim, o “coração” da aprendizagem online, deverá permitir a leitura e a redação de mensagens e respostas off-line, muito especialmente via e-mail. Este aspecto é fundamental e crítico para aqueles usuários de baixa renda que em geral pagam pelo tempo de conexão por meio de linha telefônica discada. A leitura e redação off-line via e-mail deve ser mais do que uma mera possibilidade: deve ser a forma padrão de acompanhamento e participação em discussão coletiva. Pode-se oferecer ao usuário a possibilidade de “desligar” o recebimento de mensagens via e-mail. Mas a participação/contribuição via e-mail precisa ser oferecida por padrão nestes ambientes.
Enfim, uma outra lógica precisará orientar o desenvolvimento de materiais, ambientes e sistemas para a Educação Online de modo a torná-los adequados a um outro perfil de usuário que tende nos próximos anos a ser maioria entre os usuários de Internet e de Educação a Distância no Brasil. Outra arquitetura, sintonizada com os princípios da parcimônia e do minimalismo tecnológico, precisará ser organizada e aplicada para permitir que materiais, ambientes e sistemas para EaD se tornem mais acessíveis a este tipo de usuário e atendam às necessidades e desafios dos próximos anos.
Uma volta às origens
Há 30 anos, a Educação Online surgia em meio a condições tecnológicas muito mais restritas que as atuais, porém com excelentes resultados de aprendizagem. Nos seus primeiros 15 a 20 anos ela se desenvolveu aliando novas tecnologias à sofisticação e atualização pedagógicas. Nestes tempos pioneiros seus principais atores eram educadores e pesquisadores. A partir da primeira metade dos anos 90, tempo das chamadas “invasões bárbaras da Internet”, novos atores entraram em cena no palco da educação online, principalmente profissionais oriundos do mercado financeiro e de tecnologia da informação, com pouca ou nenhuma experiência anterior em educação. Desde então cada passo à frente em tecnologia parecia ser acompanhado por vários passos para trás em pedagogia. Crescente complexificação e sofisticação tecnológicas passaram a acompanhar uma grande defasagem e desatualização pedagógicas, com impacto negativo sobre a aprendizagem.
Historicamente a Educação a Distância, no Brasil e no mundo, sempre teve um compromisso mais forte com os menos favorecidos, com aqueles que precisavam de uma segunda chance, os excluídos do sistema educacional predominante ou exclusivamente presencial. Através da EaD milhões de pessoas em todo o mundo e no Brasil ganharam mais uma oportunidade para estudar e aprender, e assim conquistar melhores condições para o seu desenvolvimento pessoal, profissional e cidadão.
O cenário atual e as tendências futuras tanto da Internet quanto do ensino superior no Brasil nos desafiam a colher do passado inspiração e intuições originais que nunca deixaram de ser atuais: apenas foram esquecidas ou relegadas a segundo plano por um breve intervalo de tempo. Cabe-nos agora recuperá-las e colocá-las a serviço do crescimento a um só tempo quantitativo e qualitativo do ensino superior no Brasil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância. Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta a Distância. S. Paulo, ABED / Instituto Monitor, 2006.
AZEVEDO, Wilson. Muito Além do Jardim de Infância: temas de Educação Online. Rio de Janeiro, Armazém Digital, 2005.
BERGE, Zane & COLLINS, Mauri. Technological minimalism in Distance Education. The Technology Source. 2000, November/December.
DANIEL, John. Lessons from the Open University: Low-Tech Learning Often Works Best. The Chronicle Review, September 2001.
TIFFIN, John & RAJASINGHAM, Lalita. In Search of the Virtual Class. Education in an Information Society. London, Routledge, 1995.
Fonte: http://www.aquifolium.biz/sala02/WilsonAzevedoColoquiolusobrasileiro.html
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