Lorenzo Aldé
(Colaborou: Carmem Granja)
Velho aos 30 anos(Colaborou: Carmem Granja)
Sabe quando você chega aos 30 se sentindo um velho? Não que minhas articulações acusem dores inéditas ou que minha memória esteja começando a falhar. Na verdade, este é um fenômeno comum desde o século passado. O sujeito nascia ouvindo rádio, passava a infância vendo TV em preto-e-branco e chegava à adolescência em cores, quando adulto ele conhece o videocassete, abandona os discos de vinil, se espanta com o fax, custa a entender o computador caseiro e chama os netos para ajudar com uma transação bancária via Internet.
Não foi o meu caso, mas a revolução tecnológica nestes tempos de virada de século, em vez de diminuir o seu ritmo, desembestou ladeira abaixo. Se meus primórdios testemunharam o tele-jogo (ancestral do já arcaico Atari) e descobriram o videocassete na infeliz Copa de 82, tive que rapidamente adaptar-me aos CDs (o que foi um prazer) e, na vida adulta, à crescente necessidade do uso de computador (aprendizado bem mais sofrido). Basta dizer que, em minha faculdade de Jornalismo, a sala de redação onde nos "preparávamos" para o mercado de trabalho era composta apenas de máquinas de escrever. Isto em 1993!
Hoje não consigo nem olhar por muito tempo para os videogames alucinógenos que fascinam tampinhas de gente, e ainda estou me perguntando se um dia terei DVD. Claro que sim, mas não sem resistência!
Calhou de eu ter que trabalhar com Internet, de modo que minha profissão me relembra a toda hora como fico defasado a cada segundo que passa.
Velho aos 30, enfim!
A Internet não pára
Não apenas para mim, a Internet é ainda um mundo novo. Há 10 anos, quase ninguém tinha sequer ouvido falar dessa tecnologia de comunicação que hoje faz parte do cotidiano de milhões de brasileiros.
Como toda inovação tecnológica, com o tempo a Internet vem se modificando, à medida que as pessoas descobrem novas formas de usá-la. A primeira coisa que eu conheci nesse terreno, lá pelo ano de 1996, foi o correio eletrônico, também conhecido por seu nome americano: e-mail (lê-se "i-mêiou"). Hoje muita gente já o incorporou no seu dia-a-dia, mas trata-se de uma tremenda revolução: comunicar-se quase em tempo real com pessoas em qualquer lugar do mundo, enviar e receber documentos de trabalho, imagens, som, vídeo. Tudo ao custo de uma ligação local! Graças ao e-mail, reatei amizades enfraquecidas pelo tempo e pela distância. Alguém já falou: hoje, longe é um lugar que não existe.
A partir daí, conviver com a Internet tornou-se um aprendizado constante. Navegar timidamente pelos sites mais conhecidos foi o primeiro passo. Logo descobri que os sites de busca são ferramentas indispensáveis para encontrar o que se quer, pelo quase infinito mundo virtual afora. Notícias, cultura, esportes, política, humor, curiosidades, serviços... e o bicho-de-sete-cabeças que era a Internet já virou um fascinante companheiro.
Mas novos recursos não páram de surgir, nos surpreender e nos conquistar. Através dos bate-papos (chats), é possível conversar em tempo real (ao vivo) com gente comum, dos mais variados estilos, trocar idéias, se divertir, e quem sabe até namorar com a ajuda da rede. Não aconteceu comigo, e confesso que nunca me deslumbrei muito com os bate-papos virtuais. Mas uma vez aberta a porta da tecnologia, tem recursos para todos os gostos. O tal do ICQ, que nunca tomei a iniciativa de adotar, permite estar em contato com os amigos o tempo todo, enquanto estamos com o computador conectado. Para quem trabalha on-line, como eu, significa ter sempre companhia, mesmo estando sozinho (talvez por isso eu não me anime com o ICQ: um pouquinho de solidão até que faz bem).
Listas de discussão não chegaram a virar moda, mas são úteis para quem é fã ou especialista em algum assunto, e quer estar informado e conversando sobre ele com outros conhecedores ou simpatizantes. É mais um mecanismo a conectar pessoas distantes no espaço, mas próximas no pensamento. Minha experiência com listas de discussão? Participei de uma sobre o Botafogo, e me sentia em casa para soltar os bichos com outros torcedores fanáticos. Me desliguei pelo excesso de dedicação que a lista exigia. Choviam mensagens diariamente, e eu não tinha condições nem paciência de ler todas, muito menos responder.
O que há de mais recente? Quem tem a tecnologia da Internet via cabo já pode até ver filmes na web, e instalar microfone e câmera de vídeo no computador para falar, ouvir, ver e ser visto por amigos e parentes distantes. O telefone do futuro já chegou. E eu vou fingindo que não me surpreendo para não me tomarem por ultrapassado. A verdade é que somos todos constantemente ultrapassados pela tecnologia: estamos sempre correndo atrás.
Finalmente, há os blogs.
Blogando novas idéias
A mais nova moda na Internet são os blogs. Eles começaram tímidos, funcionando como sites pessoais bem simples. O conteúdo era mais ou menos como o de um diário íntimo (quem já não teve um?): a pessoa revelava seus sentimentos, experiências, pensamentos. A diferença é que este "diário" fica disponível para quem quiser ler. Normalmente, como em quase tudo na Internet, o autor do blog usa um codinome (em internetiquês: nick) para se expor sem receios.
Mesmo nessa primeira fase dos blogs, alguns deles eram bem interessantes. Numa espécie de "big brother" da Internet, até que é divertido acompanhar o dia-a-dia de uma pessoa que não conhecemos, ainda mais se ela escreve bem e tem idéias interessantes. É claro que, à medida que eles se multiplicaram, muita besteira surgiu. Tem gente que usa o seu blog para narrar ações comuns, totalmente sem graça: "Levantei, fui tomar café. Comi pão sem manteiga. Preciso comprar manteiga.", e no dia seguinte "Comprei manteiga. Hoje eu comi pão com manteiga e café com leite". Esta é outra característica dos blogs: eles são sempre atualizados, quase diariamente. Para quem tem o que dizer e para quem quer ler sempre um novo pequeno texto, isto é ótimo.
Graças à facilidade de criá-los e mantê-los, rapidamente os blogs se multiplicaram, e hoje já são milhares no Brasil. Muito mais do que simples "diários", tornaram-se espaços para gente inteligente escrever suas idéias, seus gostos, sua vida. Os blogs costumam também dar a possibilidade para o leitor de comentar o que leu. Os comentários são publicados no blog, e às vezes rendem outras boas conversas. Quem lê constantemente o mesmo blog torna-se "conhecido" do autor (também chamado de blogger).
As possibilidades dos blogs ainda não foram inteiramente exploradas. A Educação, por exemplo, pode abrir novos canais de comunicação entre alunos e professor, incentivando, com isso, o convívio e a aprendizagem das tecnologias envolvidas.
O educador pode convidar os alunos para criarem, juntos, um blog da turma. Todo o processo - escolher o servidor, eleger e editar o visual, inscrever os participantes e decidir o nome e os "objetivos" do blog - pode ser feito coletivamente. Por exemplo: uma turma pode criar o blog "Dúvidas caseiras", e todos os alunos, de casa (se tiverem Internet) ou da escola, vão colocando questões que aparecem em seu dia-a-dia para serem discutidas e solucionadas nas aulas. Um blog feito por várias pessoas tem a vantagem de estar sempre mostrando novos textos, imagens, idéias. Se cada aluno colaborar com o blog uma vez por semana, já serão várias novidades por dia.
(É bom lembrar que os servidores tiram do ar os blogs que ficam muito tempo sem atualizações.)
Também é possível fazer do blog um jornal com as novidades, curiosidades, notícias e fofocas da turma. Grupos de alunos poderiam assumir cada editoria (editorial; notícias da escola; notícias da turma; cultura; esportes; recreio; colunas de opinião; etc.) e o jornal estaria sempre fresquinho e sempre no ar, para quem quisesse ler. Blogs não costumam permitir diagramações muito diferentes. Neste caso, o importante seria mesmo o conteúdo do jornal, e não sua forma. Mesmo assim, não é difícil colocar imagens, fotos e outros recursos visuais no blog.
Os blogs contêm uma área de "arquivos", onde textos antigos (publicados há mais de uma semana, 15 dias ou mês, a critério dos criadores) ficam armazenados e podem ser lidos. Este também é um bom recurso para guardar e deixar disponíveis trabalhos, textos e artigos de alunos e professores.
Outra opção muito interessante seria usar o blog no seu sentido original: uma página pessoal, com os pensamentos do dia-a-dia de cada aluno. Só que a criação dos blogs seria orientada em sala de aula, e todos os endereços ficariam disponíveis para a turma. Usando codinomes, os alunos e alunas colocariam ali suas idéias, suas visões de mundo, comentariam textos uns dos outros, entrariam em contato com outros blogs e sites. Certamente a iniciativa funcionará como um incentivo para que os alunos conheçam melhor a Internet e se deixem seduzir por ela, transformando informação em conhecimento.
E o professor? Ele também teria acesso aos blogs pessoais dos alunos, podendo sempre comentá-los, tirar dúvidas e selecionar bons textos e temas de discussão para levar para a sala de aula. Deixando os alunos livres para criar, sem compromisso de resultado ou nota, o professor obtém o que há de mais valioso nesta relação: passa a conhecer a cabeça de seus alunos, seus sonhos, medos, desejos e interesses.
Seja como for, levar o recurso dos blogs para a escola pode representar um salto na capacidade de comunicação dos alunos. Convidados a se divertir, eles estarão exercitando a leitura, a escrita, o senso crítico e a familiaridade com a informática.
Tudo isso vale também para o professor, que, como eu, já deve estar passando dos 30, e quer correr atrás das novas maravilhas da comunicação. Já provei e posso afirmar: blogar não dói nada, e é uma delícia...
Como criar um blog?
Vários sites oferecem hospedagem gratuita para blogs, e explicam passo a passo como criar e manter o seu. O único cuidado que se deve tomar é hospedar o blog em um site que tenha uma boa estrutura, pois problemas no “hospedeiro” podem fazer seus textos sumirem ou mesmo simplesmente acabar com blog da noite para o dia.
Um dos serviços gratuitos mais usados pelos blogs brasileiros é o Weblogger Brasil.
Entre os internacionais, podemos indicar o Blogger. O site traz instruções simples para a criação e manutenção de blogs. Mas é preciso saber inglês (não mais).
Obs.: O texto acima é bem antigo, apenas postei para mostrar a evolução no entendimento do uso e aplicação dos blogs.
Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/jornal/materias/0062.html
2 comentários:
Oi Wolney
Penso que este texto é bem antigo, pois a indicação de serviços de blogs aponta para o weblogger.br que nem existe mais e indica que o blogger é apenas em inglês. Possivelmente este texto é de 2002, 2003.
Além disso, tem uma visão equivocada da origem dos blogs. Os blogs são mais antigos que os serviços de blogs e eram páginas mais voltadas para a navegação e indicação de links, quase sempre usados por pessoal ligado à tecnologia.
Aqui: http://pontomidia.com.br/wiki/doku.php?id=blogbrasil
tem uma bibliografia bem boa sobre blogs.
abração!
:)) te chamei de Wolney e nem sei porque.
Seria interessante tu colocares uma nota junto aquele texto, pois o pessoal que está aprendendo agora pode confundir. Eu mesma entendi que estavas recomendando.
abraços!
Suzana
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