8 de set. de 2008

‘Sinônimo de internet’, Google divide especialistas

Para consultora, facilidade de uso garante sucesso da empresa.
Já Silvio Meira diz que Google não é ‘máquina de inovação’.

Renato Bueno Do G1, em São Paulo

“Dar um Google”, “ver no YouTube”, “adicionar no Orkut”. A aparente facilidade com que a empresa líder da internet se apropriou de elementos fundamentais da tecnologia moderna dá indícios de um apelo pop irresistível, mas que tem outras razões, segundo especialistas.

Ana Laura Gomes, consultora de internet do Senac São Paulo, resume o impacto do Google no ensino de informática recente. “Tenho aluno que acha que usar a internet é entrar no Google e pesquisar. Eles acham que a internet é o Google, virou um sinônimo”, diz ela.

Foto: Paul Sakuma/AP

Foto: Paul Sakuma/AP

Funcionários do Google trabalham com seus computadores na sede da Califórnia (Foto: Paul Sakuma/AP)

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O que faria a diferença seria o “compromisso” da empresa com o usuário. Ana Laura diz que a maioria dos alunos utiliza o e-mail gratuito Gmail, e que a empresa é tão popular entre os mais jovens quanto entre as turmas acima de 50 anos. “Os alunos usam pela facilidade, pela gratuidade. É aquela coisa de foco no usuário. Eles não entram para brincar”, diz ela.

Ana Laura destaca que o usuário brasileiro está interessado no resultado dos serviços que procura, e nesse aspecto o Google apresentaria opções mais amigáveis que a concorrência.

Para Félix Ximenes, diretor de comunicação do Google Brasil, parte da receita começa na concepção dos produtos. “O Google pensa como o usuário da internet. Engenheiros criam o produto a partir de problemas reais. Por isso a adoção em massa, e então o usuário passa a ser fã e advogado do produtor”, explica.


Foto: Paul Sakuma/AP

Foto: Paul Sakuma/AP

Estudantes japoneses visitam sede do Google em Mountain View, na Califórnia (EUA), em 2007 (Foto: Paul Sakuma/AP)

Pesquisar e Comprar

Já Silvio Meira, professor do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), atribui muito do sucesso do Google a uma estratégia típica de outra grande empresa do setor: eles têm dinheiro, e sabem usar esse dinheiro para comprar o que interessa. “Eles não são uma grande máquina de inovação, que cria coisas nas quais ninguém pensou antes. O Google compra coisas”, diz ele, destacando a conseqüência “gigantesca” de a empresa ter se tornado padrão no mercado de buscas.

Em comparação com a Microsoft, Meira diz que o que a empresa de Bill Gates fez com os softwares, “padronizando” as relações de trabalho com Windows e pacote Office, o Google fez com a informação, através de seu serviço de busca.

“A grande inovação é o mecanismo de busca. Todas as outras coisas do Google que dão certo são compradas”, completa, dando como exemplo o YouTube.

Meira diz que o Orkut, rede social dominante no Brasil, “teve sorte” no país e contou com a ajuda da interface em português para se estabelecer. “O Orkut é um fracasso mundial. É irrelevante no cenário das redes sociais”. E conclui, em tom irônico: “Se eu fosse o Google, faria a mesma coisa: compraria, não ficaria esperando meus engenheiros terem as idéias”.

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL750359-6174,00.html

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